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A responsabilidade do articulista

Escrever em um jornal, ainda que seja através de uma crônica semanal, reveste-se de uma responsabilidade muito grande, tanto em relação ao Jornal como (e principalmente) em relação aos leitores que nos honram com a sua leitura.

Nem sempre os assuntos que abordamos agradam a todos que os leem. A visão de mundo difere em cada pessoa, por isso a diferença do juízo que cada um faz sobre aquilo que escrevemos.

No entanto, para quem gosta, escrever é um exercício de prazer, jamais um sacrifício. Quando  escrevemos, tiramos as palavras do isolamento em que se encontram e as ligamos umas às outras buscando transmitir uma ideia, que pode ser real ou até mesmo se situar no reino da fantasia, como na poesia.

Nesse exercício lúdico, os autores se diferem de acordo com a sua competência, a sua capacidade de expressar o pensamento e levar ao leitor um trabalho de qualidade. O mundo possui milhões e milhões de pessoas que escrevem, mas apenas uns poucos se destacam como grandes expressões na arte da escrita.

Na Literatura encontramos inumeráveis exemplos de penas magníficas, capazes de conjugar a arte com a escrita, brindando o mundo com verdadeiras obras-primas. Estou me referindo a autores do porte de um James Joyce e o seu magnífico Ulisses, de um Machado de Assis e seus romances memoráveis, de um Victor Hugo e o seu Corcunda de Notre Dâme, de um Alexandre Dumas, de um Manoel Bandeira, Uma Cecília Meireles, um Dostoievsky, um Edgar Allan Poe ou excelentes cronistas como Rubem Braga, Fernando Sabino, Clarisse Lispector e tantos outros.

Todos nós podemos escrever se somos alfabetizados, mas escrever com a qualidade de um grande escritor é uma dádiva reservada apenas a alguns por sua genialidade, como os autores que citei acima. Mas isso não impede que pessoas como eu, ainda que não dotado das qualidades de um homem de letras, aventure-se no universo das crônicas ou da poesia, ocupando a coluna semanal de um jornal. Escrevo, talvez pela bondade do Jornal que me aceita ou da gentileza dos leitores que leem  os meus escritos. De qualquer modo é um prazer transitar pelas páginas do “A Notícia”, disfarçando-me de cronista enquanto o tempo passa e me transpassa com o passar dos anos. Mas mesmo assim tenho as minhas retribuições.

Uma dessas retribuições é a prezadíssima Dona Penha, que do alto dos seus noventa anos de vida e experiência, exercita a sua caminhada pelas manhãs, na Av. Kubitschek, ostentando o seu bom humor e o seu encanto pela vida. Caminha esguia, ao lado da sua filha, com o brilho nos olhos de quem contempla o futuro. O tempo não lhe abate o espírito e jamais lhe diminui a vontade de viver e celebrar a vida nas manhãs de sol da Kubitschek.

Penha significa rocha ou rochedo. Deriva do espanhol “Peña” e não poderia refletir melhor a firmeza de corpo e espírito da simpática e gentil Dona Penha.

Um dia desses eu a encontrei caminhando na avenida. Ela parou-me para cumprimentar-me e se disse, como de outras vezes, leitora assídua das minhas crônicas, com elogios que eu estou  muito longe de merecer. É uma honra ser lido por uma leitora como a senhora Penha. Nós valemos muito mais pela qualidade daqueles que nos elogiam. Obrigado Dona Penha…!

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