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Ano da Misericórdia – Misericordiosos como o Pai

“O Senhor ungiu-me e enviou-me (…) para proclamar um ano da graça do Senhor” (Is 62, 1-2)

É muito significativo que num momento em que os países ricos estão se armando e mostrando seu poder bélico, o Estado Islâmico espalha terror no mundo oriental, o mundo ocidental se mostra enterrado na lama da corrupção, a violência atinge seu mais elevado índice em todo o mundo, inocentes civis são vitimados em nome do ódio e que o ser humano tem mostrado o pior que há dentro de si, o papa convoca os cristãos do mundo inteiro a se encontrarem diante de todo este “boom” com os olhares e práticas voltadas para Jesus, que nos revela o rosto do Pai.

É bonito. O papa não faz nenhuma declaração. Não expede nenhuma condenação àqueles que causam toda esta dor, nem emite uma bula de excomunhão, como aconteceria no passado. O papa nos convoca a prestarmos um serviço para o mundo a partir de nossa fé. Usa como base-tema o capítulo 15 de Lucas. Lá, encontramos três parábolas. Ele foca na terceira. Embora popularmente conhecida como “Parábola do filho pródigo”, os teólogos preferem chamá-la de “Parábola do pai misericordioso”, porque é justamente isto. A parábola mostra um pai que luta contra o preconceito de dois filhos: o mais novo, que exige sua parte na herança (parte esta que só poderia ser assumida com a morte do pai), e o filho mais velho, que fica revoltado pelo perdão que o pai concede ao filho mais novo. E mais ainda, nem o filho mais novo entende o ato do pai. Ele não se liberta de sua culpa. Voltou para o pai porque não tinha para onde ir e voltou não para ser filho, mas um empregado. É que ambos os filhos estavam dominados pela ideia de justiça do tempo, que era embasada pela Lei de Talião: “olho por olho e dente por dente”. O filho mais novo sabia que não merecia mais nada do pai a não ser o desprezo e a vingança; o filho mais velho pensava da mesma maneira. Mas o pai se mostra acima deste princípio, o que o faz ter atitudes para além daquilo que era então esperado. O pai não humilhou o filho que volta. O pai não se vingou do filho ingrato que o decretou morto quando exigiu sua parte da herança. O pai não fez da situação uma oportunidade de vanglória e satisfação. Agiu com o coração de Deus que trata a todos como “filhos” e de ninguém faz diferenças. Ao ensinar a oração do Pai-Nosso, é justamente o que Jesus retoma quando nos ensina a chamar Deus de Pai e usa o pronome possessivo “nosso”. Jesus está significando que todos somos iguais, irmãos, e temos um único pai, formamos uma única família. Por isso, o papa convoca um ano e sonha que este seja um ano de graça. Num momento de trevas, poderemos prestar para o mundo este serviço: o serviço de encantar o mundo com a graça de Deus. E escolhe como tema: “Misericordiosos como o Pai”. Ou seja, não é qualquer misericórdia, mas aquela que está no coração do Pai, capaz de superar a “lógica de morte” que impera em nossos dias.

Para bem viver o ano da misericórdia, o papa fez uma série de sugestões, que podem ser resumidas nestes cinco gestos: 1- Participar mais assiduamente da vida da Igreja, principalmente da missa dominical (chegar mais cedo, rezar antes da missa, preparar-se bem para aquele momento); 2- Rezar nas intenções mensais do Santo Padre um Pai-Nosso, uma Salve-Rainha e um Glória ao Pai (todo mês, o papa envia para toda Igreja duas intenções – quem assina a liturgia diária, eles se encontram na contra capa – nas secretarias ou na internet têm-se acesso a estas); 3- Estudar as 14 obras de misericórdias (sete espirituais e sete corporais) e torná-las visíveis na prática da vida; 4- Fazer uma peregrinação, ícone de nossa passagem por esta terra. Se possível até a porta santa que, por decreto do senhor bispo diocesano, se encontra em nossa catedral em Leopoldina. (No dia 31 de julho, o bispo estará presente na Pedra Santa para abençoar a peregrinação de todos que desejam viver em plenitude este ano santo); e, por fim, viver uma experiência de verdadeira conversão através de uma confissão sacramental e auricular durante este ano santo.

Que este seja para nós ocasião de crescimento espiritual, pessoal e comunitário e de uma prática mais ligada à realidade, que necessita urgentemente de ser transformada. Que acompanhe-nos as palavras do apóstolo: “Quem pratica a misericórdia, faça-o com alegria” (Rm 12, 8).

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