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AS PEQUENAS MÁQUINAS QUE INVADIRAM A NOSSA VIDA

De repente aqueles sinais eletrônicos musicados anunciando uma nova mensagem e depois, mais outra e mais outra e os dias e as noites são insuficientes para receberem tantas mensagens. A maioria referindo-se a futilidades sem serventia alguma. Mas o fascínio do aparelhinho, seja um Iphone caríssimo da Apple ou um modelo mais modesto de um Android da Google, não interessa, os Smartphones invadiram as nossas vidas e transformaram o nosso modo de ser. Sem um aparelho daqueles nas mãos algumas pessoas se sentem mutiladas.

As mensagens se sucedem numa rapidez tamanha que às vezes é impossível ler todo o texto recebido, principalmente daquelas mensagens enormes, de autoria duvidosa e com o indefectível conselho: repasse para tantos amigos. E a maior parte das pessoas, como cordeirinhos, repassam…

Colocam-se na boca de filósofos, personagens ilustres, políticos e Papas coisas que eles talvez jamais tenham falado, mas são usados para se agregar um pouco de credibilidade àquilo que se afirma e as maquininhas não nos dão sossego com seus sinais musicados insistentes.

Muitos pais, talvez para se livrarem do trabalho de dedicar atenção aos filhos, dão a eles de presente os mais diversos tipos de Smartphones, de acordo com o gosto e o bolso de cada família e as crianças, em casa, nos restaurantes, nas ruas ou nos intervalos das aulas, clicando com os dois pequeninos polegares aquelas minúsculas teclas, com uma agilidade de fazer inveja aos adultos. As mulheres, à noite, trocam as caricias do casal pelo toque no já quase erótico aparelho num frenesi prazeroso que se estende até à madrugada.

O desempenho das crianças na escola cai, mesmo com a educação caótica que temos, incapaz de exigir grandes coisas dos alunos. Parece (a despeito de todas as vantagens da tecnologia) que existe uma estratégia por traz de tudo isso para formar um mundo de cordeiros internéticos, guiados pelo guizo eletrônico dos aparelhinhos. Teoria da conspiração? Que seja…!

Não sabemos ainda a extensão dos danos a essas crianças com 24 horas de celular nas mãos, mandando e recebendo mensagens ou conectadas nos jogos eletrônicos. Uma família, à mesa de um restaurante ou em um parque público, não conversa. Cada um “saca” o seu smartphone como se fosse um Colt nos filmes de faroeste e se conecta. Alguns diriam que isso também é comunicação. Tudo bem, mas não é uma comunicação com a pessoalidade da presença, olhos nos olhos, como se pretende uma relação. A não presença faculta a artificialidade ou até mesmo a falsidade do diálogo.

Eu me cansei. Não sei se pelos anos de estrada existencial ou se por um rigor crítico absurdo, o certo é que eu me cansei disso. Cansei de atender aos apitos eletrônicos e encontrar aquelas mensagens repetitivas de conselhos morais, de apelo religioso. Cansei de atender mensagens enviando textos de fanáticos ideológicos, excretando boçalidades. Passei a entender que a vida tem coisas muito mais importantes do que isso. Aí eu resolvi dar um tempo. Não frequento mais o Facebook; só acesso o meu E.Mail para enviar as minhas crônicas semanais ou ver se tem algo de importância que mereça a minha atenção; desabilitei do meu celular os aplicativos de whatsApp e outros mais. Agora o meu aparelho só tem função telefônica e isso me basta.

Faz um mês e me sinto ótimo. O meu tempo eu o tenho ocupado com a releitura do acervo da minha biblioteca pessoal e a cada releitura descubro um universo novo naquelas obras, porque as releio com um espírito sempre diferente do espírito que tinha na primeira leitura. Tenho livros que vão dar para eu reler até o fim da minha vida. Entrando nos 79 anos não é tanto tempo assim, preciso aproveitá-lo bem…!

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