Crescer a ponto de se fazer criança
Pureza de coração, simplicidade e humildade formam o trinômio de luz do progresso
Por Rogério Coelho
“Deixai vir a mim os meninos, e não os impeçais; porque dos tais é o Reino de Deus.” – Jesus (Lc., 18:16)
Embora pareça paradoxal, o título está correto. O que parece caracterizar uma ordem inversa, na verdade contém um profundo ensinamento: a criança nos apresenta a imagem da inocência e da candura… Não há quem não se enterneça ante uma criança. Dizendo que o Reino dos Céus é para os que se lhes assemelham, Jesus não quis dizer que o Reino é única e exclusivamente para elas, mas para aqueles que são portadores da pureza do coração que, por sua vez é inseparável da simplicidade e da humildade. Assim, pureza de coração, simplicidade e humildade formam o trinômio que é a senha de entrada para os remansosos pastos espirituais. Daí tomar Jesus a infância como emblema dessas qualidades.
Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 4, lembra-nos o grande pedagogo e missionário lionês Allan Kardec: “(…) no curso dos primeiros anos de vida, o Espírito é verdadeiramente criança, por se acharem, ainda, adormecidas as ideias que lhe formam o fundo do caráter. Durante o tempo em que seus instintos se conservam amodorrados, ele é mais maleável e, por isso mesmo, mais acessível às impressões capazes de lhe modificarem a natureza e de fazê-lo progredir”.
Em mensagem não verbalizada, porém, subentendida nas entrelinhas, Jesus, ao registrar as palavras em epígrafe, nos faz sentir a necessidade de nos mostrarmos mais dóceis e maleáveis aos Alvitres Divinos que irão caldear nossa personalidade de “homem-novo”, ao mesmo tempo que extinguirão os perniciosos azinhavres do “homem-velho”.
Igualmente Ele nos mostra com o símbolo da criança, que só entrará no Reino dos Céus, o Espírito que, em abandonando os pântanos da estagnação moral passa a oferecer condições de crescimento espiritual.
Desse modo, entendemos com Simbá (in Poemas de Paz) que urge imantarmo-nos do magnetismo da paz, amar até atingirmos a plena inocência em regime de plenitude de pureza, doando-nos incondicionalmente à Seara do Bem com Jesus, e, sem dar azo a paradoxos, otimizar o crescimento que nos tornará crianças aptas ao definitivo ingresso no Reino dos Céus.