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De Príncipes e Princesas

As histórias de príncipes, princesas e seres fantásticos, como fadas e gnomos sempre povoaram a imaginação de crianças e adultos. Primeiro, através de histórias passadas oralmente de geração a geração, depois, coletadas umas e inventadas outras, através da literatura escrita de grandes escritores.

As histórias fantásticas encantam as pessoas justamente porque os homens são seres sonhadores. Aliás, o grande dramaturgo inglês do séc. XVI não se cansava de afirmar que os homens são feitos de sonhos.

Mas existem aqueles que, ou por traumas de infância, ou por descontentamento com a vida, dedicam justamente um precioso tempo da vida para desconstruir conceitos, derrubar idéias, sem nunca possuírem o talento e a competência para colocar alguma coisa de valor no lugar daquilo que tentam destruir.

É claro que vivemos em uma época em que a corrupção generalizada contaminou praticamente todo o quadro político nacional e uma parcela significativa do empresariado, principalmente de elevado poder econômico, metidos nas grandes negociatas por esse Brasil a fora. Mas nem por isso, ou melhor, dizendo, justamente por isso, não podemos lançar um olhar pejorativo para toda a nossa história denegrindo a imagem dos nossos grandes vultos históricos.

EUA, Alemanha, Inglaterra, França, Argentina, Chile e tantos outros países jamais menosprezam os seus vultos históricos, mesmo que alguns deles sejam pífios. Pelo contrário, preservam a memória desses personagens como ícones nacionais, imprescindíveis para a manutenção de um senso de nacionalismo. Esses países recusam-se a adotar o chamado “complexo de vira-latas”.  Na época em que ainda atuava no magistério havia um professor que costumava dizer aos colegas e alunos, que Tiradentes não tinha nada de herói e não passava de um instrumento utilizado pelas elites. Que Caxias era um “Capitão do Mato”, capturador de escravos. Certa vez, ele se deslocou de Muriaé para Belo Horizonte, acompanhado de alguns professores, para assistirem às comemorações do centenário do heroi cubano José Marti. Interessante, os nossos herois não tinham nenhum valor para ele, mas o heroi cubano era gente fina, digno de ser homenageado aqui no Brasil.

Mas existem muitos equívocos a respeito de desconstrução. Por exemplo, uma entrevista de uma professora a um canal de televisão há poucos dias, quando ela afirmou ser um absurdo contar para as nossas crianças essas histórias de “Príncipes e Princesas”, pois isso é de origem européia e nós não temos nada com europeu.  Sem dúvida ela desconhece a importância da literatura e nem se preocupa em se informar melhor a respeito de história. Eu fiquei imaginando onde essa professora estudou que não aprendeu que o português que ela fala é uma língua européia e que tem sua base em outras duas línguas, (também européias), o grego e o latim; que a nossa cultura, sob diversos aspectos, tem a marca européia. Além da língua, que é a maior herança cultural de um povo, outras vertentes culturais em nossa formação, como a culinária, são em sua esmagadora maioria de origem Italiana, Portuguesa, Espanhola, Francesa, Alemã etc., etc.. Ou será que ela nunca comeu uma macarronada, uma pizza, um ravióli, um queijo parmezão, uma bacalhoada, um cozido, uma maionese, um catchup e tantas outras iguarias. Para não falar do “arroz com feijão”, que é uma comida portuguesa e em Portugal se chama “Arroz de feijão”.  Isso, sem falar das nossas normas jurídicas, da nossa arquitetura e da nossa própria formação social. Dizer que temos que abolir histórias desse ou daquele tipo porque não temos nada com europeu é, no mínimo, falta de conhecimento histórico e de senso crítico.

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