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Drogas. A sociedade pede socorro

Enquanto o país está voltado para os noticiários sobre os acontecimentos ocorridos nos subterrâneos da política brasileira, a questão das drogas, que nunca foi tratada como deveria ser, volta às páginas dos jornais com o embate travado entre a prefeitura de São Paulo e o Ministério Público, no caso da chamada cracolândia, um espaço existente no centro da cidade, onde é grande a concentração de menores abandonados e moradores de rua. A repressão empreendida pelo poder público paulista, no caso, foi alvo de muitas críticas pela forma como os agentes atuaram.

É sabido que o uso de drogas, notadamente pela população juvenil, se espalha pelo país como uma verdadeira epidemia, levando-nos à certeza de que a repressão não é a única via capaz de impedir o seu alastramento. No estágio de extrema vulnerabilidade em que se encontram os indivíduos vitimados pelo vício, a questão passa a ser não só de segurança, mas, principalmente, uma questão de saúde pública. E como tal, deve ser tratada pelo poder público.

Na esteira do consumo, cresce em todas as cidades o uso do crack, o mais destruidor dos derivados da cocaína, uma droga que, quando utilizada, chega ao cérebro do indivíduo em segundos, vicia em poucos dias e vira um pesadelo permanente, afetando em poucos meses vários órgãos, como o próprio cérebro, o coração e os intestinos. Com seu o efeito devastador, ela não escolhe cor, gênero, religião ou classe social. E assim vai invadindo a sociedade e escravizando milhares de pessoas.

Já por mais de uma vez utilizei este espaço procurando ser uma voz a mais contra a descriminalização das drogas ilícitas leves, defendida por alguns políticos, por entender que qualquer flexibilização na legislação neste sentido só serviria para aumentar o consumo, além de ampliar a porta de entrada para o uso das drogas consideradas pesadas. Se considerarmos que, segundo as estimativas, 80% dos meninos e adolescentes moradores de rua são viciados em algum tipo de droga, vislumbra-se um quadro aterrorizador. É de extrema importância a implementação de outras políticas públicas que visem mitigar o problema que não sejam apenas a utilização de meios repressivos.

A repressão, por óbvio, deve se concentrar contra as ações do narcotráfico, aumentando a vigilância de nossas fronteiras, que são as rotas por onde passam a maioria das drogas consumidas no país. Trata-se, portanto, de uma relação de causa e efeito. Há uma percepção que deve ser considerada de que, se não tem quem abastece, obviamente, a tendência poderá ser a redução do consumo.

No estágio em que se encontra o uso de drogas no país, é necessária uma busca incessante de parcerias entre os governos, e se possível, incentivar também a participação da iniciativa privada para a expansão e construção de centros de tratamento para usuários viciados, de maneira a possibilitar a internação e o tratamento da dependência. Além disto, é imprescindível a construção de presídios especiais com atividades laborais, além do endurecimento de penas para os grandes traficantes, para que eles, uma vez presos e trabalhando, sejam mantidos o máximo de tempo possível longe da sociedade.

No mais, com a epidemia das drogas se alastrando por todo o país, é de extrema urgência uma tomada de posição por parte dos poderes constituídos, pois a situação requer medidas práticas imediatas, sem mais retóricas, sem as quais nossos jovens estarão irremediavelmente perdidos.

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