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E o Temer ficou

No “circo” especialmente montado na Câmara dos Deputados para votar a admissibilidade da continuação do processo de Michel Temer, houve de tudo. Votos de constrangimento – a favor de Temer -, votos histéricos – contra Temer -, votos por uma estabilidade precária da economia, votos de quem está ali para ver o circo pegar fogo, discussões, mordidas em pixulecos, empurrões, dinheiro falso voado pelo Plenário e os tradicionais e inevitáveis “papagaios de pirata”, deputados desconhecidos do distinto público, que não se envergonham de botar as suas “fuças” nas câmeras da telinha nessa oportunidade rara.

Enquanto uns votaram por liberação de recursos, via emenda parlamentar, outros votaram simplesmente para não serem investigados pela Lava-Jato.  Resultado: Michel Temer continua, por enquanto, à frente do governo. Não se sabe se governará, mas ficará lá por mais um tempo. Venceu a velha política carcomida pelo modelo corrupto ativo e passivo de governar, inaugurado há mais de quatorze anos, e que deu origem aos mensalões, petrolões e acordões feitos para que políticos sem escrúpulos possam se safar das investigações da Polícia Federal. Um tipo de artimanha que fez com que os valores principais como o caráter pessoal e a representatividade do país fossem jogados no lixo.

De nada adiantou a intervenção do Procurador Rodrigo Janot para incriminar o presidente por ato de corrupção passiva, e muito menos a péssima ideia de deixar solto um criminoso contumaz, como Wesley Batista, dono da JBS, que confessou ter distribuído bilhões de reais para políticos de todas as facções, governistas e da oposição, em troca de sua liberdade para continuar agindo como o maior símbolo da corrupção ativa, devidamente premiada pelo Ministério Público.

Temer entrou para a História como o primeiro presidente da República do Brasil a ser denunciado por crime de corrupção passiva no exercício do mandato. Mas que importa isso? Que importa se o presidente carrega o fardo da maior rejeição popular, como informam as pesquisas, se nem o próprio povo que parece estar anestesiado, engessado ou desinteressado não se pronunciou, nem foi para a rua protestar?  O “fora Temer” murchou, minguou; venceu por uma larga vantagem o “establishment brasileiro”, representado pela desordem ideológica, econômica e política do Estado.

Então, corrupto por corruptos, que continue lá o presidente Temer para tentar atravessar a fatídica pinguela da qual se fala tanto. Talvez deixar o presidente no poder, em que pese às falcatruas que foram divulgadas, seja a opção menos pior. Não há muito mais para dizer sobre o assunto. O certo é que em 2018, teremos novas eleições gerais para presidente, governadores, deputados, senadores. E aí será mais uma oportunidade desses brasileiros de curta memória para se pronunciarem. Pode ser que desta vez vão se lembrar do quanto estão apanhando por não saberem votar.

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