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Eduardo Cunha na trilha de Maluf

O povo anda magoado e realmente cansado com a política emporcalhada que se pratica no Brasil atualmente. Isto é um fato. Um dia desses, durante uma entrevista coletiva do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, um manifestante indignado atirou-lhe um punhado de cédulas de dólares falsos, as quais continham a sua imagem.

A atitude do manifestante, mesmo que não seja a mais adequada, é o retrato da indignação popular com tudo o que vem acontecendo desde o mensalão, passando pela queda de ministros dos governos Lula/Dilma envolvidos em corrupção, o famigerado petrolão, desencantos com CPI’s que não dão em nada e todo um histórico de uma política que pode ser considerado na História como um período de vergonha nacional.

A situação de Eduardo Cunha tem uma identificação muito clara com a história de outro “artista” da política brasileira, o deputado Paulo Maluf. A gênese e o modus operandi é o mesmo, ou seja, rouba-se aqui e manda o produto do roubo para paraísos fiscais, bastando, para tanto, continuar a dar as entrevistas, jurando, “de pé junto” e mãos postas, que não são eles os titulares das contas abertas no exterior, apesar dos evidentes e fartos documentos comprobatórios enviados pelas autoridades estrangeiras.

Para bem definir a arte de desviar verbas que ocorrem no país, já inventaram até o verbo “malufar”, que, se procurado, não existe em nenhum dicionário.  O fato é que, enquanto para os acusadores do deputado, o “verbo” malufar quer dizer roubar, para Maluf, que tem uma cadeira cativa na Câmara e desfila feliz da vida nos corredores do Congresso Nacional sem ser incomodado, apesar de ser procurado pela Interpol em mais de 180 países, “malufar” é apenas sinônimo de muito trabalho e de realização de grandes obras na cidade de São Paulo, quando foi prefeito, e no estado, quando foi governador. Portanto, Maluf é um fenômeno nacional. Ele simboliza tudo o que há de polêmico e contraditório na vida pública de um político no Brasil, pois, apesar de ser considerado um autêntico ficha suja – foi condenado pela 10ª Câmara de Direito Público, um órgão colegiado, como define a Lei da Ficha Limpa -, continua exercendo o seu mandato, livre, leve e solto, na Câmara dos Deputados.

Quanto ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi aberto, nesta semana, um processo para que ele seja julgado pelo Conselho de Ética da instituição, e, ao que parece, ele pretende seguir a mesma trilha percorrida por Maluf, pois, apesar de todas as evidências e provas materiais enviadas pelas autoridades suíças, ele continua negando que as recheadas contas de dólares e francos suíços não são suas.

A certeza de que todo esse imbróglio envolvendo o presidente da Câmara pode não dar em nada está nitidamente estampada no seu rosto e nos seus atos, e, seguindo os passos de Paulo Maluf, ele vai negando os fatos e continua tranquilamente sentado na sua cadeira comandado as votações da Casa, como se nada estivesse acontecendo.

O fato indiscutível é que, até o momento, permanece a dúvida: ou o presidente da Câmara, por causa dos “bicos” que andou dando na canela da presidenta Dilma, é uma vítima de retaliações da tropa de choque do governo, ou então, a exemplo do deputado Paulo Maluf, ele é mesmo um tremendo “cara de pau”.

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