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Entre cabras e raposas, a falência das CPIs

Há uma frase popularmente atribuída a Charles de Gaulle, político e estadista francês, que diz: “o Brasil é um país que não deve ser levado a sério”. Segundo os historiadores, o estadista francês nunca disse esta frase e afirmam, com absoluta certeza, que ela foi dita pelo diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, genro do ex-presidente Artur Bernardes e embaixador do Brasil na França, cargo que ocupou entre os anos de 1956 e l964.

De qualquer forma, a correção serve para que não saiamos por aí ou pela vida afora sustentando esse erro histórico, até porque, se assim fosse, o estadista francês estaria cometendo uma indelicadeza sem precedentes com o Brasil e com os brasileiros naquela época. Ainda assim, insisto no tema porque esta frase vem muito a calhar com o momento em que vive o nosso país. Um país da chacota, um país da gozação, um país do achaque, um país que padece dos vícios da imoralidade e da falta de ética. Enfim, um país que há anos não vem sendo levado a sério pela sua representatividade política.

Hoje, com a eclosão da “Lava-Jato” e com as bombásticas operações da Polícia Federal, não se fala mais em CPI. Qualquer proposta nesse sentido é motivo de chacota. Nos últimos 12 anos, várias CPIs foram instaladas e a maioria delas não chegou a lugar algum, ou seja, muito barulho para pouco resultado. Para citar alguns exemplos, durante o governo Lula chegaram a instalar uma delas para investigar os “indícios” de corrupção na Petrobras e que acabou sendo abortada por causa da força política e da popularidade do presidente na época. Em outro caso, o da CPI dos Correios, pasmem, ela foi presidida pelo ex-senador do PT, Delcídio do Amaral, que hoje está vendo o “sol nascer quadrado” numa carceragem de Curitiba, depois de descobertas as suas falcatruas. Os presidentes e relatores de várias CPIs já realizadas eram escolhidos a dedo, num jogo de faz de conta.  Em sua maioria, as CPIs tinham, na presidência, cabras tomando conta de uma horta e na relatoria, uma raposa qualquer tomando conta do galinheiro. As Comissões Parlamentares de Inquérito hoje estão absolutamente desmoralizadas perante a sociedade pelo seu histórico de absoluta ineficiência.

Agora, depois deste barulho todo causado pelas famosas delações na Operação Lava-Jato, ao contrário do que sempre aconteceu nas CPIs, resta-nos a esperança de que a Justiça aja em seus julgamentos com um pouco mais de celeridade, para que os crimes apontados nas investigações não se tornem impunes.

De outro lado, ainda que não entremos no mérito da discussão da autoria da frase citada no início deste texto, se ela foi de Charles de Gaulle ou do diplomata brasileiro Carlos Alves de Souza Filho, é necessário que a Justiça encontre meios para fazer os julgamentos com maior rapidez, pois do contrário, ficará a real sensação de que este país está longe mesmo de ser um país sério.

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