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ESCOLA SEM PARTIDO

Adellunar Marge

O movimento “Escola Sem Partido” vem atender a um anseio de décadas da população brasileira. A escola brasileira tem transformado as salas de aula, com raríssimas exceções, em instrumento de ideologização unilateral. Tanto nas Universidades, hoje esquerdizadas ao extremo, como nos níveis iniciais da educação. A “freirização” da Pedagogia foi uma das principais causas desse viés educacional. Ah… aqueles cadernos do Cárcere do italianinho Gramsci.

O impacto do movimento “Escola Sem Partido” foi tanto, que provocou a reação imediata de grupos radicais que procuram cristalizar-se no poder. Os argumentos são sempre os mesmos e, como sempre, insustentáveis. Afirma-se que o movimento “Escola Sem Partido” seria a pregação de uma “escola com partido único” e que liquidaria com as “grandes conquistas” da educação brasileira nos últimos anos. Ora, qualquer um com um mínimo acesso à informação sabe que durante as últimas décadas o nosso país tem ocupado os últimos lugares do  mundo em termos de qualidade de educação; Que as nossas Universidades Públicas, em termos de custo-benefício, gastam rios de dinheiro e jamais se destacam entre as grandes Universidades do mundo, ocupando sempre os derradeiros lugares.

Alguns defensores do atual sistema dizem, quase que unissonamente, que a escola enfatiza a cultura eurocêntrica e enaltece pensadores brancos e europeus, bem como a hegemonia do saber e que para subverter esse quadro, “precisamos criar leis para discutir nossas origens e conhecer a história e a cultura africana e indígena nas salas de aula”.

Em primeiro lugar, não se “cria leis” para se discutir a origem, a história e a cultura de um povo. As nossas origens estão aí para serem estudadas, independentes de leis. Outra coisa é uma quase que revolta de alguns por estudarmos a cultura européia. Se não estou enganado, o idioma em que estou escrevendo esta matéria, o Português, é um idioma europeu; as normas jurídicas que regem a nossa sociedade, foram herdadas da Europa; a nossa cultura, incluindo a dieta alimentar e outras tantas manifestações, tem suas raízes na Europa. Afinal, a maioria da população brasileira é composta por filhos, netos ou bisnetos dos milhões de europeus que para aqui vieram, como italianos, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, alemães e, é claro, os povos da África e os indígenas que já aqui estavam. Nós somos um amálgama étnico, assim como os demais países da América.

Outro equívoco é dizer que o movimento “Escola Sem Partido” é um “projeto para silenciar vozes”. Que vozes? Aquelas de uma escola do Rio Grande do Sul que, partindo do princípio freiriano de que a educação deve se prender à realidade, distribui uma Cartilha usando para alfabetizar, palavras como: pedra, mas usando o desenho de uma “pedra de crack com um cachimbinho ao lado”? Ou uma carta de um garoto narrando suas atribulações com a polícia e elencando entre as opções para se livrar, “o pagamento de uma grana ao policial” ? Ou será que se referem às vozes além-túmulo de Marx e seus seguidores?

Esse sistema de educação atual, pela sua inoperância e incompetência em formar cidadãos e informar conhecimento, acaba por transformar um grande contingente de jovens brasileiros em revoltados pela não aquisição do conhecimento que poderia lhes garantir um lugar ao sol no mercado de trabalho. Amanhã, pela metodologia atual que lhes impõem, não culparão os professores ou as escolas que tiveram, mas, num estilo bem freiriano, culparão o sistema. Aí, quem sabe, esse grande contingente de deserdados não tentará mudar sim o sistema, mas para um outro muito pior do que o que temos? A formação do jovem deve ter sua base na família. A escola é um complemento e um lugar para a construção do saber. Um saber crítico, sim, mas não moldado às convicções “daquele que ensina”.  Crítica “ensinada” é laboratório para mente alienada.

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