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Impostos, impostos; até quando?

Quando o articulista começa o texto falando de si, não é um bom sinal. É que, na maioria das vezes, enquanto ele faz abordagens sobre a sua própria história, deixa de narrar ou comentar coisas mais importantes e que interessam muito mais ao leitor. Ainda assim, vamos lá.

Confesso que sou um fascinado pela História do Brasil. Não foi à toa que já citei aqui, neste espaço, versos de Olavo Bilac, como “crianças, não verás nenhum país como este”, me referindo à sua poesia intitulada “A pátria”, ou ainda, versos de Ary Barroso, como “meu Brasil brasileiro… Terra de Nosso Senhor”, em sua famosa Aquarela do Brasil, música que mais parece um hino.

É por isso que me interesso tanto pela História desse país, que um dia já foi Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e, posteriormente, com a descoberta da existência de grande quantidade de pau-brasil, firmou-se com o nome pelo qual conhecemos, torcemos e brigamos, se for necessário.

Trata-se de uma História muito rica, mas vou aterrissar na Era do Brasil Colônia, quando Portugal começou a explorar as nossas riquezas, cobrando o famigerado “quinto”. O quinto era um imposto que correspondia a 20% de toda a produção da nossa maior riqueza, o ouro, e que era cobrado e enviado para a Coroa Portuguesa. Ainda insatisfeito com a arrecadação, Portugal promoveu a “Derrama”, um novo tipo de imposto combinado com uma fiscalização que, além de fazer a cobrança, confiscava os bens e espoliava os extratores do precioso metal, amparado numa justificativa de uma suposta complementação das dívidas que os mineradores da Colônia não conseguiam pagar.

Foi assim que começou a história das absurdas taxações da produção nacional e que culminou na indignação e no sonho de liberdade protagonizado por Tiradentes. Descoberto o movimento de insurreição que desaguou na história da Inconfidência Mineira, Tiradentes foi enforcado e os outros participantes presos ou degredados.

Embora esta História tenha começado em meados do século XVII, portanto mais de 220 anos atrás, mesmo sendo uma República e com um regime democrático, ainda somos reféns de um poder central.  Pior. Tornamos-nos reféns de uma corja de corruptos, que só sabem aumentar impostos para tapar os rombos feitos por eles próprios, para se perpetuarem no poder.

A nova CPMF, uma contribuição em forma de imposto que estão tentando impor mais uma vez aos brasileiros, é a recriação da mesma “Derrama” imposta naquele século, quando o Brasil ainda era uma colônia portuguesa. A carga tributária que se encontra hoje perto dos 40% do PIB corresponde a quase duas vezes mais o “quinto”, o imposto do Brasil Colônia, e que, na época, correspondia a 20% da sua produção de ouro. Até a presidenta Dilma resolveu reescrever a História. Aos adversários, os chama de golpistas, embora não possa prendê-los nem enforcá-los. Aos presos que se envolveram no esquema de corrupção montado no seu governo e no governo anterior, mas que resolveram colaborar com a Justiça depois de deflagrada a Operação Lava-Jato, chama-os de traidores e os compara a Joaquim Silvério dos Reis, aquele que a História apresenta como o “delator” de Tiradentes.

Finalmente, a pergunta que se faz é a seguinte: depois de toda essa História sinistra do Brasil atual, o que restará aos historiadores para contarem para as futuras gerações de estudantes?  Presumo que o que restará para contar é que o Brasil teve uma presidenta incompetente e que comanda um bando de corruptos, ou cleptocratas, segundo o ministro do STF, Gilmar Mendes; que teve alguns adversários da presidenta que eram classificados por ela de golpistas, além de um bando de delatores que fizeram acordo com a polícia para contar o que sabiam, mas que eram considerados traidores.

Enquanto a História do Brasil a ser contada pelos professores não vem, tomem mais impostos. E assim, seremos mais um país de enforcados.

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