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Júbilos indeléveis

Jesus ofereceu à humanidade os júbilos cheios de sabor do conhecimento superior

“Como tocaste as bilhas d`água, na festa de Caná, convertendo-as em recipientes cheios de sabor, patrocinando júbilos indeléveis”. – Camilo

Cometeria equívoco qualquer pessoa que, em leitura linear das letras neotestamentárias, concluísse “pela letra que mata”, que Jesus transformara água em vinho nas bodas de Caná .

Sem o conhecimento espiritista ninguém estará devidamente instrumentalizado para extrair toda a riqueza de conteúdo ou deleitar-se com o sabor da beleza poética das palavras e atos de Jesus…

João, o Batista, abriu as cortinas do proscênio terrestre para Jesus nas águas do rio Jordão; mas, o outro João, o Evangelista, foi o único que registrou o primeiro ato do Meigo Pegureiro nas bodas de Caná.   Foi ele, também, o único discípulo a testemunhar pessoalmente, de visu, o drama do Gólgota, como também foi aquele que fez com o “Apocalipse” o epílogo documental da saga messiânica.

Lendo as suas anotações acerca das bodas de Caná, Kardec concluiu : “(…) admitindo que as coisas hajam ocorrido, conforme foram narradas, é de notar-se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que se tenha produzido. Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, O teria nivelado a um mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e Lhe granjeariam mais adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza.

Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudado as propriedades da água, dando-lhe o sabor do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que, em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua coloração, o que não deixaria de ser notado.   Mais racional é se reconheça aí uma daquelas parábolas tão frequentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim de bodas, do mau rico, da figueira que secou e tantas outras que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos. Provavelmente, durante o repasto, terá Ele aludido ao vinho e à água, tirando de ambos um ensinamento.   Justificam esta opinião as palavras que a respeito Lhe dirige o mordomo: “toda gente serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos fino; Tu, porém, guardas até agora o bom vinho”.

Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são tão crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que pretendam explicar tudo por meio dos fluidos”.

Portanto, os “júbilos indeléveis” aludidos por Camilo, em sua página mediúnica intitulada “Ave, é Natal”, da qual extratamos a epígrafe, não se referia, evidentemente, à água transformada em vinho, mas sim, aos ensinamentos do Mestre que iniciados na referida festa, terminariam no Gólgota, proporcionando à humanidade, a partir de então, os indeléveis júbilos “cheios de sabor” do conhecimento superior.

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