Search
Close this search box.

Lama no ventilador

Já se sabia que a lista de delações feita pela empresa Odebecht, maior construtora de obras contratada pelos últimos governos, seria bombástica. Tanto é, que ela estava sendo chamada de “a delação do fim do mundo” – no mundo político, é claro. Pois é. O ministro Edson Fachin, relator da “Lava-Jato”, mandou para o STF inquéritos contra 97 pessoas e cerca de 200 para outros tribunais inferiores, certamente por não terem foro privilegiado.

No “listão” constam 12 governadores, 24 senadores, 37 deputados, oito ministros próximos ao presidente Michel Temer e, pasmem, cinco ex-presidentes da República. Isso mostra que quando se fala em golpes, perseguições, divulgação seletiva de informações sigilosas, são uma forma de tapear mais uma vez o povo. A lista de investigados pela “Lava-Jato” e transformada em inquérito pelo ministro Fachin é absolutamente supra-partidária e envolve gente muito poderosa que, ao longo dos anos, vem surrupiando de maneira covarde os cofres públicos.

Pode ser que alguns tenham como se defender das acusações e podem até saírem ilesos desse imbróglio todo. Mas, seguramente, muitos “tubarões” ficarão com as suas criminosas nadadeiras presas na malha fina da “Lava-Jato”.

Chamam a atenção os codinomes dos envolvidos citados nas planilhas das propinas da empreiteira delatora. Para citar alguns, o “Amigo” é Lula (PT); o “Italiano” é Palocci; o “Caju” é o senador Jucá (PMDB-RR); o “Gripado” é José Agripino (DEM-RN); o “Caranguejo” é Eduardo Cunha (PMDB); o “Ferrari” é Delcídio do Amaral (PT); o “Boca Mole” é Heráclito Forte (PSB-PI); o “Justiça” é Renan Calheiros (PMDB-AL); o “Santo” é Geraldo Alckmin (PSDB), governador de São Paulo; o “Botafogo” é o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) – coitado do meu Botafogo; e assim vai.  São codinomes usados da mesma forma que se usa nos presídios de segurança máxima por bandidos perigosos. Essa triste correlação é a atual realidade brasileira. Só que os bandidos dos presídios estão presos e os outros estão soltos por aí metendo a “mão grande” no dinheiro suado do povo.

Assim como já era esperado, as delações dos ex-diretores da Odebrecht é mais um emplasto de lama jogado no ventilador da política brasileira.

Vale, por oportuno, lembrar a fala do grande Rui Barbosa, o nosso “Águia de Haia”, que já desencantado com a política, já naquela época, assim discursou: “… de tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra e ter vergonha de ser honesto” (Senado Federal – RJ – Obras Completas – Rui Barbosa, v. 41, t. 3, 1914, p. 86). Faz sentido, não?

Tomara que a Justiça brasileira seja um pouco mais célere nos julgamentos, para que os crimes não sejam prescritos. Esperemos, pois.

Deixe um comentário

Outras Notícias