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Lula, a “jararaca”

Na semana passada, escrevi e foi publicado aqui neste espaço o que eu já tinha dito a amigos: Lula é o maior político dentre todos esses que apareceram no Brasil nos últimos tempos. Dito, feito e confirmado na sexta-feira daquela semana. Ao escrever o texto, que seria publicado pelo jornal somente na sexta, eu não sabia o que iria acontecer com o ex-presidente, mas ele, sim. Ele já sabia. Pode ser que, talvez, não soubesse o dia certo, mas com certeza, ele sabia o que iria ocorrer e estava preparado para receber a Polícia Federal.

Saindo um pouco da linha de raciocínio, é necessário explicar que o termo “político” é definido pelos dicionários como sendo “pessoas que se ocupam de política, diplomático ou astuto”. Já a grande parte do povo brasileiro, por óbvio, tem outra definição para o vocábulo. As trapaças, as falcatruas, a malversação do dinheiro público estão cravadas na memória do povo – espera-se que seja por um bom tempo – e, por causa disso, atrela-se qualquer ação política e, principalmente, os políticos, à corrupção que impera no país.

Uma análise mais acurada da vida pública do líder petista demonstra que, um diplomata, realmente ele nunca foi. Longe disto. Porém, quanto a ser um político e ainda por cima astuto, pode-se chegar à conclusão de que, nestes dois casos, ele é um expert.

Como eu disse anteriormente, Lula já sabia de tudo que ia acontecer. Tanto que, segundo informações, ele já tinha confidenciado ao ex-secretário presidencial, Gilberto Carvalho, que seria preso ou conduzido coercitivamente. O fato é que ele já tinha sido convocado várias vezes pela Polícia Federal para prestar o seu depoimento a respeito das investigações que estão sendo feitas, tendo se negado a atender à convocação. Portanto, a condução coercitiva era apenas uma questão de tempo. Pode ter sido surpresa para qualquer um, menos para ele. O circo já estava armado e tudo planejado. Ele sabe que a imprensa está de plantão na porta da Polícia Federal, e que qualquer movimentação acaba vazando. Astuto, estrategista e um hábil ator da política-espetáculo, função que sabe fazer muito bem sob as luzes dos holofotes, esperou pacientemente em casa pela decisão do juiz Sérgio Moro. E mais, esperava que os policiais o algemasse. Segundo as declarações do delegado responsável pela missão de conduzi-lo, ele teria dito: “Só
saio daqui algemado”. Só que o delegado tinha ordens do juiz Moro para não fazê-lo.

O resto, todos viram. Ao invés de ir para casa, como qualquer outro que se sente humilhado, vilipendiado na sua honra ou mesmo deprimido, ele foi para onde?  Para a sede do Diretório do PT, onde todo o “circo” já estava montado para recebê-lo. A imprensa deu o destaque necessário, sendo usada no seu processo de vitimização. Depois de muito tempo encolhido, comandando o espetáculo por detrás das cortinas, aflora o astuto político que sabe muito bem o que está fazendo. Ele sabe que a melhor defesa é o ataque e já avisou que vai sair para viajar pelo Brasil. No seu discurso, planejadamente colérico, se disse indignado, magoado e perseguido, intitulou-se como uma cobra “jararaca” e espalhou o veneno pelo país, conclamando a militância, sindicatos e até as “milícias” petistas a reagirem.

Há algum tempo, ele disse: “Se mexerem comigo ou com o Partido dos Trabalhadores, o Stédile – ativista social, líder do MST – põe o seu exército na rua”.  A ameaça explícita do ex-presidente não interessa à sociedade, devido aos riscos de enfrentamentos de grupos prós e contras. Mas quem disse que ele está preocupado com a sociedade?

Esse é o Lula, o artífice político, esperto como sempre, ou, como ele mesmo disse, a “jararaca” que está viva.

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