Search
Close this search box.

O Brasil nos trilhos, mas onde estão os trilhos?

Francisco Laviola – 06/12/2017

Decididamente, a ideia que se tem é que não será uma tarefa fácil consertar o país depois de todo esse imbróglio do qual somos testemunhas oculares e cujas marcas ficarão indelevelmente gravadas nas nossas memórias. Se não teremos tempo suficiente para continuarmos a testemunhar tudo, certamente os historiadores farão o elo entre o presente que estamos vivendo e o futuro, para o conhecimento das próximas gerações.

Quando o presidente Michel Temer assumiu o governo, logo após o impeachment da Dilma, escrevi, aqui neste espaço, que ele não teria vida fácil no seu governo. Além da exiguidade do tempo que lhe restava – dois anos e quatro meses – Temer teria que atacar várias frentes para tentar recolocar o país nos trilhos.

O legado deixado após os 13 anos de governo petista é visto como uma herança maldita e foi marcado pela abertura de feridas profundas, antevistas como de difícil cicatrização. Recessão, desemprego, empresas endividadas, falta de confiança na classe política, corrupção, a farra dos gastos públicos com as despesas superando as receitas, ou seja, um imenso rol de adversidades que só podem ser comparadas a uma avalanche soterrando o mais crucial elemento de sustentação de qualquer governo: a credibilidade.

O Brasil passou 13 anos sob a égide do conluio, do tráfico de influência e do corporativismo entre os políticos, especialmente montado para blindar desvios de conduta de  apaniguados, inclusive aqueles que assaltaram a Petrobras, os Correios,  a Eletrobras, o BNDES e todos os Fundos de Pensão, nos quais puderam colocar as suas mãos sujas.

As descobertas das falcatruas, dentro do atual governo e também do seu principal gestor, impediram uma virada no panorama político do país, porque para se safar das acusações de liderar uma organização criminosa, o presidente foi obrigado a fazer o mesmo que os outros governos sempre fizeram: o Planalto continua a ser um balcão de negociatas. Para que o governo possa fazer as reformas estruturantes que possam, no futuro, calçar a economia do país e implementar o seu crescimento, Temer está sendo coagido pelo Poder Legislativo e obrigado a negociar questões inegociáveis como é o caso da reforma da Previdência.

Tudo que se falou em termos de reformas até o momento, nenhuma delas atende às necessidades do país. A reforma política, foi uma minirreforma eleitoral, feita às pressas, porque teria que ser aprovada com um ano de antecedência das próximas eleições, que acontecerão em outubro do próximo ano. A reforma trabalhista, que entrou em vigor, é também bastante capenga e muito criticada pelos trabalhadores. Resta agora a reforma maior, que é a da Previdência e que o governo já vem fazendo inúmeras concessões, devido às pressões impostas aos deputados e senadores por uma parcela à sociedade. Para votar a reforma da Previdência, que é de extremo interesse para o futuro do país e das futuras aposentadorias, o governo está sendo obrigado a ampliar o balcão de negócios há muito tempo instalado no palácio do Planalto.

Diante de todas estas dificuldades criadas pelos interesses escusos de cada um daqueles políticos que estão lá nos representando, homens públicos, cuja cultura de falcatruas os impede de separar o público do privado, ficará muito difícil recolocar o país nos trilhos. A começar pelos próprios trilhos. Onde estão os trilhos? Será que os roubaram também?

Deixe um comentário

Outras Notícias