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O brasileiro e o voto

“Sou favorável ao voto obrigatório até que a educação no Brasil garanta que todo mundo tenha suficiente informação, para poder se posicionar com liberdade absoluta”. (Ministra Cármen Lúcia – presidente do STF)

Quando o Pelé disse, lá pelos anos 70, que o povo brasileiro não sabia votar, os “democratas” da época quase o crucificaram. Diziam que em termos de conhecimento político, Pelé era um excelente jogador de futebol. Estávamos em plena Ditadura Militar e muitos interpretaram aquela declaração como uma forma de apoio aos militares. Passados quase 46 anos, a ministra Carmen Lúcia, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), a mais alta Corte de Justiça do país, ainda que utilizando-se de outros termos, dá a entender que o rei do futebol, já naquela época, falava com muita propriedade sobre a forma de votar dos brasileiros.

Na semana passada tivemos um exemplo clássico de como funciona uma eleição no Brasil. Foi realizada no domingo passado uma eleição suplementar no estado do Amazonas, para substituir, em um mandato tampão, o governador José Melo (PROS) e seu vice, Henrique Oliveira (SD), cassados pela Justiça eleitoral, acusados de compra de votos. Pois bem. Na nova eleição que se realizou no dia 6 de agosto e que teve um gasto de dezoito milhões de reais, por um acaso, os eleitores amazonenses elegeram algum novo candidato dentre os nove que postulavam o cargo? A resposta é não. Ficaram para o segundo turno a ser realizado no dia 27 de agosto próximo, os candidatos Amazonino Mendes (PDT), que já foi governador do estado por duas vezes e também prefeito de Manaus. Não por acaso, como é de costume entre os políticos que já exerceram mandato, Amazonino coleciona uma penca de processos por desvio de dinheiro público; o outro candidato, Eduardo Braga (PMDB), que também já foi governador do estado, também é réu no STF, pelo mesmo motivo, ou seja, improbidade administrativa. É esse o cenário político que se apresenta nos quatro cantos do país: um eleitorado de curta memória; uns inconsequentes, outros sem informação. Na maioria são pessoas que não têm consciência de que a força do seu voto tem o poder da transformação. A falta de informação e o baixo nível de educação, fazem com que se coloque os mesmos corruptos de antes no poder.  Esse é o risco que estamos correndo nas próximas eleições em 2018.

Enquanto o mundo evolui a olhos vistos no quesito educação, o Brasil está paralisado. Segundo as estatísticas, temos ainda 12 milhões de analfabetos que não conseguem ler o lema da nossa bandeira, fora os mais de 25 milhões de analfabetos funcionais, que são aqueles que lêem, mas não conseguem entender o conteúdo. Ora, se não conseguirmos formar inteligências capazes de enfrentar os desafios do século XXI, estaremos marchando na contra mão da civilização. Um país no qual os seus governantes fecham os olhos para a educação, impede a formação de lideranças ideológicas inteligentes, e, por via de conseqüência, estará fadado à derrocada social. Ao invés de construirmos formadores de opinião capazes de elevar o potencial que ainda temos rumo ao desenvolvimento, continuaremos a criar os “Fernandinhos Bera-Mar” e todos os seus discípulos, que aterrorizam a sociedade com a violência.

Enquanto isso, continuaremos a engordar os grandes corruptos que vão sendo alimentados pela irracionalidade política e passional dos seus seguidores e asseclas, e aproveitam a ignorância dos eleitores do país para darem a volta por cima, e assim, poderem voltar ao poder, como está acontecendo no estado do Amazonas.

Portanto são sábias as palavras da presidente do STF, Cármen Lúcia. Enquanto a grande maioria do povo brasileiro estiver à margem da educação, não haverá condições de se posicionar com liberdade absoluta e seus votos de ignorância irão recolocar os corruptos no poder. Infelizmente!

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