Search
Close this search box.

O DIFÍCIL CAMINHO PARA A MORALIZAÇÃO NO BRASIL

Adellunar Marge

Mais do que em uma vontade política, o caminho para a moralização de um país tem, obrigatoriamente, que ser pautado pelo conjunto de pessoas que compõem a sua população. Quando grande parte da população pauta o seu comportamento em pequenos e grandes desvios morais, sonegando impostos, furando filas, não obedecendo às sinalizações dos radares nas estradas, ultrapassando veículos em faixa contínua, contribuindo para a eleição em cargos públicos dos mais diversos corruptos (condenados ou ainda não) e mil e outros comportamentos que comprometem a convivência social, esta população jamais poderá sonhar com um país melhor para todos nós. Seremos sempre um país com políticas assistencialistas e clientelistas, onde uns poucos usufruirão das benesses da fortuna fácil e a esmagadora maioria se contentará com as migalhas das bolsas, dos vales para o pão e para o leite e uma assistência médica de filas imensas e qualidade duvidosa.

Mas, se alguns querem a modernização do país e o aperfeiçoamento das suas instituições, outros querem prendê-lo às ideologias retrógradas do passado, lendo e relendo doutrinas expostas em uns poucos livros cheirando à naftalina, que ainda povoam as estantes das nossas Universidades e a mente de seus professores.

O pior é que não são apenas esses ideais retrógrados que movem a cabeça de algumas pessoas, mesmo porque essas pessoas normalmente são inocentes úteis utilizados como massa de manobra. Existe também uma elite política poderosa que teceu um projeto, não de governo, mas de poder e que, perdendo-o por força da lei e da enorme pressão dos setores éticos da população, teimam em restaurar os seus quadros com as velhas e conhecidas figuras da corrupção política que, durante anos se instalou nas diversas escalas de poder.

É claro que essa elite, com os bolsos cheios do tempo das vacas gordas, tem apoio em algumas esferas do poder e exerce sua influência. Há poucos dias, por exemplo, o Brasil assistiu, estarrecido, à soltura de diversos corruptos condenados em Segunda Instância e que estavam cumprindo suas penas em Penitenciárias. É lamentável e uma vergonha para o nosso país em relação ao resto do mundo. Menos, é claro, para algumas republiquetas da América Latina, que, dilaceradas pela miséria e descontentamento popular, exportam para o Brasil milhares e milhares de refugiados, hoje o seu maior produto de exportação.

Mas esses governos, longe de serem criticados pelos “descabeçados” brasileiros, são, ao contrário, tomados como modelos de administração.

Por isso não é fácil o caminho para a moralização. Pouco adianta termos um sistema democrático instalado teoricamente, eleições livres e voto direto e secreto, se uma parcela do eleitorado, justamente por sua livre e soberana escolha, coloca ou mantém no poder, ano após ano, políticos corruptos e se revolta quando alguns deles são condenados e presos.

Grande parte da população torce para a eleição de um político como se torce para um time de futebol, sacralizando o candidato e defendendo um partido como se fosse uma seita religiosa. Essa irracionalidade impede o aperfeiçoamento das instituições, porque torce-se para o insucesso daquele político que não for do seu partido, como o flamenguista torce pela desgraça do Vasco e o vascaíno torce pela desgraça do Flamengo, pouco importando se um ou outro time está com um melhor ou um pior futebol naquele momento.  Eleitor desse quilate fala  como o torcedor fanático: “o bom é ganhar o jogo de qualquer maneira, principalmente se for com um gol de mão para fazer raiva no adversário”. Uma política de ódio, sem dúvida.

Se nem no esporte esse comportamento seria ético, imaginem na política, que deveria ser a arte de bem governar uma sociedade?

Deixe um comentário

Outras Notícias