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O “economês”, palavrões e siglas

Interessante a forma como se fala de Economia. De tanto ouvirmos falar de crises financeiras, nacional e internacional, mesmo sendo leigos no assunto, vamos aprendendo a conviver com situações e palavras do “economês”, que, embora não dominando a matéria, passamos a utilizá-las como se fizessem parte da nossa intimidade.

Na época de inflação alta, por volta dos anos 80 até a entrada em vigor da URV (Unidade Real de Valor), cruzeiro real e posteriormente o real, moeda que hoje utilizamos, as palavras mais ouvidas eram indexação, desindexação e espiral inflacionária. A todo instante diziam os economistas: “Precisamos ‘desindexar’ a economia; fazendo isto, vamos acabar com a ‘espiral’ inflacionária”.

Confesso que a minha ignorância, que nada tinha de econômica, não me permitia entender bem o que queriam dizer os economistas. Só sei que era uma correria dos preços tentando acompanhar os índices inflacionários, os quais eram forçados para cima devido à famosa remarcação, formando um círculo vicioso que os salários não conseguiam acompanhar.

O país vive hoje uma das piores recessões econômicas de toda a sua História, gerada por motivos eleitoreiros a partir de 2014. Hoje, são quase 13 milhões de brasileiros desempregados ou vivendo da informalidade. Enquanto isso, vamos convivendo com expressões e palavras que estão todos os dias na mídia, que embora não saibamos muito bem do que se tratam, vão fazendo parte do nosso cotidiano. Uma é o mercado. O mercado passou a ser tão importante nesse período de turbulência econômica, que deram vida e alma para ele. Tudo depende do mercado. Basta pegar os jornais que vamos ver estampadas as seguintes manchetes: “Depende do mercado regulador”; “O mercado está estressado”; “O mercado está nervoso”. Na economia de hoje, tudo depende de como o mercado vai reagir. E vai por aí. É o capitalismo selvagem, já dizia o cantor de pop rock. Volatilidade de ativos, commodities, spread, derivativos, superávit primário são expressões, ou melhor, são verdadeiros “palavrões” para a maioria dos brasileiros que as ouvem, convivem com elas, mas não sabem do que se tratam.

Na representatividade política, o “demônio” da vez é a corrupção. E aí, apareceram os sanguessugas, o mensalão, o petrolão, a “Lava-Jato”, sem falar no estapafúrdio quadro partidário, cujos partidos foram criados sem ideologias e sem conceitos programáticos, visando apenas o fisiologismo barato e que são verdadeiras sopinhas de letras, as quais poucos sabem o que significam. PRTB, PTN, PSC, PT do B, PEN, PSDC e vai por aí afora. São quase 40, e se eu for escrever o que eles significam, vai acabar o meu espaço.

Já concluindo, mesmo sem entendermos a fundo o que essas expressões, palavras e siglas significam, vamos jogando esse jogo, na maioria das vezes, um jogo sujo ao qual eles nos impõem. Porém, ainda que jogando, temos a consciência de que a esperança de crescimento do país estará sempre concentrada não na remuneração do capital, mas na capacidade de produzir, e principalmente, na força do trabalho de seu povo.

Esperamos apenas que, pelo menos, os comandantes dessa “nau” sejam um pouco mais honestos e não nos atrapalhem no árduo trabalho de reconstrução do país; que a representatividade política seja exercida com pudor e que, ao final das contas, não venham nos dizer que a corrupção sempre fez parte do contexto e nem tentar justificar o injustificável, dizendo que a “carne é fraca”. Dá-lhes, PF.

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