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O trânsito urbano em Muriaé

Não restam dúvidas que, proporcionalmente, Muriaé tem mais veículos do que o Rio de Janeiro. Possuímos cerca de 50 mil carros rodando em nossas ruas para uma população de pouco mais de cem mil habitantes, ou seja, a quantidade de veículos é praticamente igual à metade da população. A grande Rio possui aproximadamente 6 milhões de habitantes. Para que tivesse a mesma proporção em carros que tem a nossa Muriaé, o Rio de Janeiro teria que ter aproximadamente 3 milhões de carros, mas só tem algo em torno de 1.800.000 veículos. Ganhamos da Cidade Maravilhosa. Motos, Muriaé tem perto de 15 mil.

O que complica muito o nosso trânsito não é apenas esse número exagerado de carros e motos em nossas ruas, mas a maneira como são conduzidos.

A administração municipal passada fez muito pela melhoria da circulação de veículos em nossas vias públicas. Aumentou o número de passagens elevadas para pedestres e remodelou as existentes que estavam fora dos padrões exigidos pelas leis do trânsito; colocou semáforos nos pontos estratégicos e construiu rotatórias modernas, principalmente na região do Centro Administrativo, local onde a circulação de veículos era um problema antigo. Mas falta a melhoria do elemento humano.

Motoristas que não respeitam as leis ainda temos bastante, mas o pior são as motos e as bicicletas. Bicicleta, em Muriaé, não toma conhecimento de mão e contramão, não respeita sinal e nem faixa de pedestres. Cruzam as rotatórias em qualquer direção. Na década de 1950, eu me lembro, as bicicletas possuíam placas, que se tiravam na Prefeitura. Hoje, sem a identificação de uma placa, seria até impossível para um policial ou agente de trânsito fiscalizá-las e, se fosse o caso, multar o seu condutor pela infração.

Já as motos são outro universo. Algumas são pilotadas por motociclistas, mas grande parte não. Ignoram as leis mais elementares da ultrapassagem de veículos, cortam os carros pela esquerda e pela direita indiscriminadamente, avançam as faixas de pedestres, normalmente em alta velocidade, usando o artifício de levantar o “traseiro” do assento para não sentir o impacto, e alguns com a “descarga aberta”, emitindo um som estridente com dezenas de decibéis acima do permitido pela lei. Sem dúvida, esses não são motociclistas, poderíamos chamá-los de motoqueiros, ainda que usem o veículo como instrumento de trabalho.

Como podemos notar, os problemas do trânsito estão mais afetos ao ser humano do que às máquinas. Faltam às pessoas aptidão para viver em sociedade, respeito ao semelhante, gentileza urbana.

Problemas dessa natureza não se resolvem com Prefeitura ou com leis. As raízes desses problemas estão obviamente no berço, naquela formação que deveria ter se efetuado desde a infância, quando é ensinado ao filho respeitar a fila da padaria, a fila do cinema, a fila do banco e, acima de tudo, o respeito e a cortesia para com o outro. Essas seriam as sementes para germinarem cidadãos. Fora disso, vamos assistir a esse caos, não só no trânsito, mas na formação dos políticos e dos empresários que estão ocupando as mídias todos os dias com os atos e ações que estão escandalizando o nosso país e o mundo.

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