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Policialismo ideológico

No Brasil sempre fomos “useiros e vezeiros” em copiar modelos de outros países. Principalmente dos países do chamado primeiro mundo. Talvez até pela síndrome do colonizado que, apesar de tantos anos transcorridos desde o início da nossa colonização, ainda permeia os nossos pensamentos e as nossas ações. É claro que os países europeus tiveram também os mesmos problemas no início da sua formação e os sanaram, ou pelo menos os atenuaram, após muitos e muitos séculos de conquistas sociais. Em termos de civilização, somos um país jovem, que luta ainda para aprimorar as suas instituições.

O respeito ao próximo, o repúdio às discriminações de qualquer natureza, nos países mais antigos, vieram com o tempo e como resultado de muita luta naqueles países, mas a educação familiar sempre foi o ambiente onde se forjaram as noções mais sólidas de uma verdadeira cidadania. No seio da família são gestados os valores positivos ou negativos que vão tornar as pessoas o que elas serão no decorrer de suas vidas. As letras da lei podem impedir ou punir o exercício da discriminação, mas não impedem o racismo ou a intolerância, pois esses preconceitos, para quem os têm, estão dentro das pessoas, como nódoas encardidas no tecido interior da consciência.

A luta contra esses males deve ser travada de outra forma. Não se combate intolerância com intolerância, assim como não se defende uma paixão política com cusparada no rosto de quem pensa diferente, como o fez um pseudo ator de novela em um shopping – digo pseudo porque se eu o chamasse de ator, de que eu iria chamar um Jack Nicholson ou um Marlon Brando? O que está ocorrendo em nosso país atualmente é justamente outro tipo de intolerância, tão agressiva e desastrosa como as próprias intolerâncias que se pretende combater. Assim, censura-se, como no Comunismo stalinista, ou no Fascismo, letras de músicas, poemas ou conversas informais em que possa haver qualquer referência que a “inteligentzia” de plantão julgue ofensiva.

Uma professora disse-me que é um absurdo contar histórias como “A Bela Adormecida” ou de príncipes e princesas, pois nos remetem a uma cultura da elite dominante. Cantar a música infantil “Atirei o pau no gato”, nem pensar, pois é um crime espancar animais. “Seu Joaquim… quim… quim… da perna tor… ta… ta…” é uma ofensa gravíssima a alguém portador de uma deficiência física. Dizer que “a coisa está preta…” deprecia a raça negra, como também é politicamente incorreto contar piadas sobre judeus, turcos, portugueses, italianos, índios ou qualquer outro povo, ou sobre homossexuais (que eles insistem em chamar de homoafetivos), ou sobre mulher loura.

Normalmente essas críticas partem das minorias que durante tantos anos foi discriminada e vitimada por preconceitos das mais diversas formas, e se a reação dessas minorias é às vezes violenta, é justamente porque a toda ação corresponde uma reação igual e em sentido contrário. Aprendemos isso em física, mas aplica-se perfeitamente às relações sociais. Basta observar o comportamento de determinados grupos em depredações de rua.

Ainda vai demorar muito para se erradicar das pessoas os preconceitos de qualquer natureza, mas isso só será conseguido pela educação familiar e nunca por atitudes que acirrem ainda mais os ânimos e distanciam as pessoas.

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