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Recordando Allan Kardec: Da religião, do religioso, de Deus

O de que necessitam as religiões não é do sobrenatural, mas do princípio espiritual

“Verdadeiramente  religioso  só  o  é  aquele que faz uma ideia justa dos atributos e do poder de Deus.” – François C. Liran

Allan Kardec descreveu de maneira clara, sem margem para dúvidas, o perfil do homem integrado com a sua realidade cósmica, isto é, o homem-transcendente, o homem-integral, esboçando em seguida, onde esse homem vislumbra a ação ostensiva de nosso Pai Celestial da seguinte forma :  “querem dar ao povo, aos ignorantes, aos pobres de espírito uma ideia do poder de Deus?! Mostrem-nO na sabedoria infinita que preside a tudo, no admirável organismo de tudo o que vive, na frutificação das plantas, na apropriação de todas as partes de cada ser às suas necessidades, de acordo com o meio onde ele é posto a viver. Mostrem-lhes a ação de Deus na vergôntea de um arbusto, na flor que desabrocha, no Sol que tudo vivifica. Mostrem-lhes a Sua bondade na solicitude que dispensa a todas as criaturas, por mais ínfimas que sejam, a Sua previdência, na razão de ser de todas as coisas, entre as quais nenhuma inútil se conta, no bem que sempre decorre de um mal aparente e temporário.  Façam-lhes compreender, principalmente, que o mal real é obra do homem e não de Deus; não procurem espavori-los com o quadro das penas eternas, em que acabam não mais crendo e que os levam a duvidar da bondade de Deus; antes, deem-lhes coragem, mediante a certeza de poderem um dia redimir-se e reparar o mal que hajam praticado.   Apontem-lhes as descobertas da Ciência como revelações das leis divinas e não como obras de Satanás.   Ensinem-lhes, finalmente, a ler no livro da Natureza, constantemente aberto diante deles; nesse livro inesgotável, em cada uma de cujas páginas se acham inscritas a sabedoria e a bondade do Criador.  Eles, então, compreenderão que um Ser tão grande, que com tudo Se ocupa, que por tudo vela, que tudo prevê, forçosamente dispõe do poder supremo.  Vê-lO-á o lavrador, ao sulcar o seu campo; e o desditoso, nas suas aflições, O bendirá dizendo: “se sou infeliz, é por culpa minha”.

Então, os homens serão verdadeiramente religiosos, racionalmente religiosos, sobretudo, muito mais do que acreditando em pedras que suam sangue, ou em estátuas que piscam os olhos e derramam lágrimas.

O de que necessitam as religiões não é do  sobrenatural, mas do  princípio espiritual, que erradamente costumam confundir com o maravilhoso e sem o qual não há religião possível.

O Espiritismo considera de um ponto mais elevado a religião cristã; dá-lhe base mais sólida do que a dos milagres: as imutáveis leis de Deus, a que obedecem assim o princípio espiritual, como o princípio material. Essa base desafia o tempo e a Ciência, pois que o tempo e a Ciência virão sancioná-la.

Deus não se torna menos digno da nossa admiração, do nosso reconhecimento, do nosso respeito, por não haver derrogado suas leis, grandiosas, sobretudo, pela imutabilidade que as caracteriza.  Não se faz necessário o sobrenatural, para que se preste a Deus o culto que Lhe é devido. A Natureza não é de si mesma tão imponente, que dispense se lhe acrescente seja o que for para provar a Suprema Potestade? Tanto menos incrédulos topará a religião, quanto mais a razão a sancionar em todos os pontos. O Cristianismo nada tem que perder com semelhante sanção; ao contrário, só tem que ganhar. Se alguma coisa o há prejudicado na opinião de muitas pessoas, foi precisamente o abuso do sobrenatural e do maravilhoso”.

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