Francisco Laviola – 23/11/2017

Há muitos anos que se fala da necessidade de se fazer uma reforma da Previdência. Entra governo, sai governo e nenhum deles teve a coragem de “peitar” o sistema constituído de uma oligarquia poderosa, formada pelos grandes beneficiários que se aproveitaram e continuam se aproveitando de um sistema injusto para com os mais pobres.

Por certo, trata-se de uma das reformas estruturantes que tem o seu grau de importância para o futuro do país, principalmente para os brasileiros que pretendem se aposentar daqui a uns dez ou vinte anos. Se não for feita uma intervenção rápida, o país não terá como honrar, daqui a alguns anos, nem o pagamento dos benefícios já existentes.

Concordo plenamente com aqueles que asseveram que o caos se instalou no Sistema Previdenciário devido aos desvios, roubalheiras e os ralos, que nunca foram estancados pelos poderes anteriores. O dinheiro suado, arrecadado através das contribuições feitas pela maior parte dos brasileiros, foi, através dos tempos, e ainda continua, se esvaindo numa sangria sem fim. Concordo também com a justificativa de que os maiores devedores da previdência, como os grandes empresários, clubes de futebol e até os grandes bancos, nunca foram cobrados com a devida eficiência, de forma que o Sistema Previdenciário pudesse contar com esses créditos, reduzindo assim o seu déficit. A razão principal é que em todos esses setores existe gente muito poderosa, que são os eternos apaniguados dos gestores públicos que comandaram o país nos últimos anos. Tudo isso é pacífico, não há dúvidas. Atacar de forma radical todas estas inconsistências do sistema é de extrema importância para o futuro do país e principalmente para o futuro dos brasileiros que, mais tarde, dependerão de um Sistema Previdenciário sadio.

Nas ondas das dificuldades da reforma, surfa um bando de oportunistas inconsequentes, políticos oposicionistas, que antes eram os donos do poder e que nada fizeram a não ser assaltar o país, mas, que hoje, estão aí espalhando o terror pelas redes sociais, tentando manipular uma população desinformada da atual realidade. São os mentirosos de sempre, que mentem de acordo com os seus interesses políticos.

Não tenho procuração para defender o presidente Temer, até porque, ele está seriamente comprometido com os quadrilheiros, segundo a PGR, e só se safou, por enquanto, porque tem o poder de barganha nas mãos. Ainda assim, mesmo sem nenhuma credibilidade com a população, ele tem como meta principal a realização da reforma previdenciária, que deverá ser discutida e votada ainda neste ano. Porém, é de suma importância que o foco recaia sobre os grandes privilegiados que o atual sistema sempre contemplou, fazendo com que houvesse uma inversão aviltante de transferência de renda de pobres para ricos.

De acordo com os dados oficiais, enquanto o rombo do INSS que anda aí pela casa dos R$150 bilhões para pagar cerca de 33 milhões de beneficiários do Regime Geral da Previdência, o déficit contabilizado da União é de 77,2 bilhões, para pagar cerca de 980 mil servidores públicos. Ora, essa disparidade descomunal é que precisa ser atacada de frente. Claro que não haverá facilidades, em função da força do establishment.  Em todo esse sistema perdulário, bandido e inconsequente, há um poderoso lobby de algumas categorias do próprio Congresso, além de uma união de forças formadas por fortes entidades representativas, como auditores fiscais, juízes, procuradores, funcionários de carreira de Estado, técnicos legislativos e do Judiciário, dentre outros mais, que não querem perder as suas benesses.

O que resta de conclusão é que, nesse imbróglio todo, existe não só o reflexo das roubalheiras passadas, mas também as distorções e as mentiras, num grande jogo de interesse dos “artistas”, com o intuito de se aproveitarem das fragilidades e da desinformação do povo e continuarem a levar as suas vantagens. Olho neles.