O jornal A Notícia esteve na residência de Zilmar Pires do Amaral, de 73 anos, para conversar um pouco sobre a nova fase da viúva aposentada que iniciou, na ultima segunda-feira (19), sua vida acadêmica, nos bancos do curso de Gastronomia, que tem duração de três anos, no Centro Universitário Unifaminas, em Muriaé.

A simpática senhora conta que a ideia de começar um curso superior veio a partir do incentivo dos três filhos e dos oito netos. Leia abaixo o nosso bate-papo:

AN – Como surgiu a vontade de frequentar as salas de aula aos 73 anos?

Zilmar – Tudo começou com uma brincadeira de uma neta, a Ana Luíza, que está no terceiro período do curso de Direito, também no Unifaminas. A partir daí, os meus outros netos, meus filhos, minhas irmãs e até meus sobrinhos começaram a me incentivar. Assim, aceitei o desafio e fiz o vestibular, que foi agendado. Após o resultado, fiquei muito feliz e também surpresa.

AN – O ano letivo apenas começou, como são as matérias? Já possui alguma preferida?

Zilmar – Não possuo uma favorita. São todas muito interessantes. As matérias são: Entradas e Saladas; Desenvolvimento de Habilidades de Culinária; Nutrição na Gastronomia; Projetos Aplicados de Fundamentos na Cozinha; História da Alimentação e Fundamentos de Serviços de Alimentação.

Por enquanto, a maior parte das aulas é teórica. De acordo com o meu professor, hoje o curso de Gastronomia é bem cobiçado. Não por conta de modismo, mas devido à necessidade de reformulação nas cozinhas, principalmente dos grandes restaurantes. Por isso, o profissional da Gastronomia precisa ter informações teóricas e também como manusear os materiais, como as facas, por exemplo. É preciso entrosar com tudo isso, até mesmo com os uniformes. Acho incrível todo esse cuidado e a estrutura do curso. Estou amando. Somos uma turma de 18 alunos, mas eu acredito que sou a mais velha do curso inteiro, não tenho certeza.

AN – Por que Gastronomia?

Zilmar – A vida toda trabalhei como professora após concluir o Magistério no colégio. Foi assim até eu me aposentar. Escolhi o curso de Gastronomia porque adoro cozinhar e, nos finais de semana, meus filhos e netos se reúnem na minha casa para almoçar. Atualmente, não possuo nenhuma perspectiva de trabalhar fora com a Gastronomia. Entrei para o curso para satisfazer minha família e fazê-la ‘cobaia’. Além disso, para também para ocupar o meu tempo, pois fiquei viúva e acredito que a faculdade pode ser uma motivação para a minha alma e também para conhecer novas pessoas e diferentes, já que todos os meus filhos são casados e não vivem mais comigo.

AN – Qual a mensagem a senhora deixa para as pessoas que querem começar uma nova atividade ou realizar um sonho e ainda não deram o primeiro passo por acharem que já é tarde demais?

Zilmar – Nunca é tarde demais. No meu caso, eu fui pega de surpresa e encarei como um desafio. Estou me sentindo mais jovem e com mais coragem para enfrentar a vida, com meus novos colegas de turma. Acho que todo o tempo serve como recomeço. A idade não pode ser um empecilho, basta ter vontade. Enquanto há vida, há sempre uma possibilidade, há sempre uma luz.