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Um Brasil surreal

O surrealismo foi um movimento artístico e literário de origem francesa, caracterizado pela expressão do pensamento de maneira espontânea e automática, regrada apenas pelos impulsos do subconsciente, desprezando a lógica e renegando os padrões de ordem moral e social. Este movimento definia a importância do inconsciente na criatividade do ser humano que se mostrava vulnerável diante da realidade.

É claro que fui buscar no conteúdo da história as informações necessárias para melhor definir o surrealismo do qual tanto se ouve falar e que nos parece que o país está vivendo.

Considerando tudo o que vem acontecendo na História contemporânea e a vulnerabilidade em que se encontra o país nos dias atuais, pode-se afirmar, com absoluta convicção, que o Brasil de hoje é um país surreal, devido à forma fantasiosa, os devaneios, as inconsistências e, principalmente, a falta de lógica dos governantes e da maioria das nossas instituições no trato dos principais problemas que nos afligem. Além disso, a subversão da ordem e a inversão de valores têm sido constantes no nosso meio.

Depois de ouvir o discurso desesperado do presidente Temer, tentando subverter a ordem dos fatos e atirar para todos os lados como se fosse uma metralhadora giratória, principalmente nos integrantes da Procuradoria-Geral da República, constatei que no bojo de sua fala continha tudo aquilo que pode ser considerado surreal. Um discurso de sonhos, fantasias, devaneios e ausência de lógica, em que a falta de consciência falou mais alto. Ele saiu da posição defensiva e passou a atacar os membros da Procuradoria, como se esse fosse o seu único meio de defesa. Depois da constatação dos fortes indícios de provas contrárias, pouquíssimas lideranças se dispuseram a acompanhá-lo em sua fala, mostrando o quanto ele está perdido no meio dos seus devaneios, das inconsistências e da falta de lógica. É dessa forma que o presidente Temer pretende permanecer no cargo de presidente da República até 2018.

Aliás, a falta de lógica é a tônica de tudo que tem acontecido no país. Há poucos dias, em julgamento da chapa Dilma/Temer, feito pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ambos foram absolvidos, apesar das contundentes provas de abuso de poder econômico, do uso de recursos de propinas e do famoso caixa dois, utilizados em suas campanhas; no impeachment da ex-presidente Dilma, o Senado cassou-lhe o mandado, mas deixou intactos os seus direitos políticos, numa flagrante desobediência à Constituição; também o Supremo Tribunal Federal, a mesma instituição que considerou como válidas as gravações do presidente Temer, feitas de forma clandestina pelo dono da JBS, Joesley Batista, foi a Corte de Justiça que proibiu anteriormente a veiculação das gravações de Dilma e Lula, quando a ex-presidente, ainda no exercício do cargo, tentou obstruir a Justiça, nomeando Lula para o seu ministério, em busca de proteção para o seu “inventor” através do foro privilegiado; de outro lado, empresas flagradas em crimes de corrupção ativa são as mesmas que continuam a contratar obras com o governo, por causa dos chamados acordos de leniência; nas eleições proporcionais, vota-se em um candidato e elege-se outro, devido às coligações partidárias; e, por fim, temos aí um exemplo mais contundente ainda: Lula, que enquanto presidente, fomentou o maior esquema de corrupção dentro das estatais brasileiras e que atualmente é réu em vários processos no STF, é o candidato melhor posicionado nas pesquisas eleitorais para a presidência da República em 2018. Vai entender!

Este é o retrato do Brasil que se comporta de forma contraditória no meio de devaneios, de inconsistências e da falta de lógica; um país que tem se mostrado absolutamente vulnerável diante da realidade; um país surreal.

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