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Um “papo” com um amigo

Temos acompanhado com muito interesse esta fase ruim que o Brasil está passando, até porque, todas as questões que envolvem as diversidades da política e da economia nos dias atuais encontram-se estampadas em todos os meios de comunicação.

Como um bom brasileiro, acho impossível ficar alheio aos acontecimentos. Tomar partido, ser um elemento ativo, procurar formar opinião é, sem dúvida, um dever daqueles que têm uma consciência mais politizada e que se preocupam com o futuro do seu município, do seu estado, e, principalmente, com o futuro do país. Há uma necessidade premente de uma transformação radical para alterar essa lógica perversa que campeia pelo Brasil afora. E essa transformação só poderá ser feita se ela for plantada e germinada a partir da base da pirâmide que compõe a sociedade brasileira. Esta é uma convicção minha.

Há alguns dias, conversando informalmente com um amigo do meio político aqui da nossa cidade, critiquei a forma e o modelo de se fazer política no país. Apesar dos acontecimentos desagradáveis, dos quais todos somos testemunhas oculares, disse a ele que, ainda assim, acreditava nas instituições, principalmente na Justiça, apesar da morosidade e da burocracia mantidas em função do cipoal de leis que emperram os processos. Concordamos em alguns pontos, discordamos de outros, principalmente porque ele é um “lulista” apaixonado. Mas ele me confidenciou: “Infelizmente, com as alianças, o PT perdeu a sua identidade”.

Durante a conversa, me lembrei de um pronunciamento do ex-presidente Lula, que disse: “Quando eu deixar a presidência, vou continuar morando no mesmo apartamento, na mesma distância do sindicato que me projetou na política. O que vai mais me dar orgulho é que vou poder acordar de manhã e olhar para qualquer trabalhador e dizer a ele: Bom dia, companheiro”. Passado o tempo, não se sabe se o ex-presidente está hoje com essa confiança toda, pois o rastilho de pólvora começa a chegar à sua família pelas mãos de outra zelosa juíza, Célia Regina Bernardes, que parece ser da mesma linha do juiz Sérgio Moro.

Desta vez, trata-se da Operação Zelotes, que autorizou a busca e apreensão de documentos na empresa do filho de Lula, de quem a polícia quer explicações sobre o recebimento de R$ 1,5 milhão de uma empresa de lobby. Além disso, pode ser que o ex-presidente ainda mantenha o seu endereço onde disse que iria morar.  Mas é certo também que a Polícia Federal anda investigando a respeito de uma reforma feita em um apartamento triplex de sua propriedade, num condomínio de luxo, na praia do Guarujá-SP, localizado bem longe do tal sindicato que o projetou, segundo ele, cuja reforma, supostamente, teria sido paga pela empreiteira OAS, empresa que é um dos alvos de investigação na Operação Lava-Jato.

Depois de muita conversa sobre as trapaças, corrupção e maracutaias, o meu amigo lulista, que é um evangélico fervoroso, foi embora, não sem antes de expressar a sua convicção, dizendo: “O mundo está perdido. Se todos obedecessem o princípio bíblico que diz: ‘amarás o teu irmão como a ti mesmo’, não precisaríamos de  juízes, promotores, polícias  e nem de leis para vivermos”,  fazendo, por certo, uma alusão ao que eu disse anteriormente sobre a Justiça.

Enquanto o amigo se despedia, me lembrei de uma sugestão atribuída a Capistrano de Abreu, famoso historiador, morto em 1927, época em que já se criticava a existência de corrupção no país. Segundo a história, Capistrano de Abreu sugeriu o seguinte: “A Constituição brasileira deveria ter apenas dois artigos: Artigo 1º – Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara; Artigo 2º – Revogam-se as disposições em contrário”.

Mesmo considerando que as duas opiniões sejam um pouco radicais, até que elas fazem algum sentido. Ou não?

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