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Uma eleição atípica

Francisco Laviola – 10/10/2010

Na semana passada escrevi e foi publicado aqui neste espaço que este ano teríamos uma eleição atípica para a Presidência da República. Realmente, tudo indicava que as duas extremas radicais iriam cruzar as espadas. Foi o que aconteceu. Por ampla maioria de votos, deu Jair Bolsonaro, candidato polêmico da direita, contra Fernando Haddad, da esquerda e mais um achado de Lula. Certamente, Haddad não chega a ser um poste, como foi considerada Dilma Rouusseff em 2010. Até porque, o candidato que se apresenta como a extensão das pretensões de Lula, hoje cumprindo pena de 12 anos e um mês na cadeia, tem alguma experiência administrativa, adquirida como prefeito da cidade de São Paulo.

E foi realmente uma eleição atípica. Não só pelo duelo nas urnas das duas extremas radicais, cujas emoções ficaram reservadas para o segundo turno a se realizar no dia 27 deste mês. Atípica também foi a atitude do eleitorado. Parece que o povo acordou e mandou às favas uma boa parcela de figuras carimbadas da política contemporânea. A “barca” passou e levou com ela o presidente do Senado, Eunício de Oliveira (MDB), o seu vice, Cássio Cunha Lima(PSDB-PB, o eterno líder de vários governos, Romero Jucá (MDB-RR), os herdeiros do Sarney, representados pelo Sarney Filho e Roseana, Fernando Pimentel (PT-MG), um dos piores governadores que Minas já experimentou, Lindbergh Farias (PT-RJ), a âncora da tropa de choque “#Lula Livre” e muitos outros que a história se incumbirá de mostrar que se tratavam daquilo que havia de mais pernicioso na política brasileira.

Ficou claro que o voto em Bolsonaro é mais do que nunca o voto de protesto contra a corrupção, contra as negociatas e contra o balcão de negócios que foi instalado no Planalto nos últimos anos. Ficou claro também que o povo está cobrando do PT e seus aliados a conta da corrupção instalada a partir do segundo mandato de Lula. Colocar Jair Bolsonaro na frente com mais de 46% dos votos válidos para a Presidência da República é o voto do anti-petismo, sem dúvida. Mas ainda teremos o segundo turno e até lá vamos ver como se comportará o eleitorado com as inevitáveis alianças de puro fisiologismo.

E “barca” que passou e levou os figurões já citados, não deixou para traz a presidente defenestrada, Dilma Rousseff. Deixei para falar dela por último, por se tratar de um caso especial. Curiosamente, os mineiros que a elegeram em 2014, derrotando Aécio Neves, fizeram questão de reafirmar para o Brasil que o seu impeachment não foi um golpe como sempre alardeou a “casta” lulopetista. Beneficiada por uma manobra urdida no Senado Federal, durante o seu processo de impeachment, quando sob as bênçãos do ministro do STF, Ricardo Lewandowisck, garantiram a ela os direitos políticos em flagrante desrespeito à Constituição, sobrou para os mineiros promover a aplicação da justiça, restabelecendo a ordem constitucional por vias transversas. Se dizem que Deus escreve certo por linhas tortas, os mineiros fizeram questão de corrigir o erro do Senado ao mandá-la de volta para o Rio Grande do Sul, onde reside com a sua família. Representar o nosso Estado com todas as nossas tradições, não. Aqui, não violão, como diria os nossos antepassados. Que ela vá pousar em outra freguesia. E por fim, nem as pesquisas de intenção de votos deram certo. Foi uma “canelada” em cima da outra. Foi realmente uma eleição atípica.

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