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AS LIÇÕES PRIMÁRIAS DA POLÍTICA

Adellunar Marge

A política é uma ciência que, em sua expressão mais pura, se aproxima da arte. Mao Tsé Tung disse certa vez que “a política é uma guerra sem sangue e a guerra é uma política sangrenta”. As campanhas políticas mudaram muito através dos tempos. O período dos Coronéis de patente comprada, surgidos a partir da época da Regência, onde os votos de cabresto eram definidos pelos donos das extensas propriedades rurais, permaneceu por muitos anos em nosso país, principalmente em nosso Estado de Minas. A nossa Constituição de 1934, embora redigida sob o império da ditadura getulista, deveria, através do voto secreto que implantava e do direito de voto às mulheres, proporcionar uma expressão mais democrática da preferência popular por um candidato. Mas não foi assim. A tradição autoritária do coronelismo e a subserviência de uma população ainda com baixo nível de esclarecimento, cristalizaram o sistema patrimonialista e paternalista herdado da colonização portuguesa. Infelizmente não nos tocara os ideais liberais de John Locke, ainda que o Marquês de Pombal tentasse, através da introdução dos ideais liberais de Luís Antônio Verney, mentor da educação no governo de Dom José I e da expulsão dos Jesuítas tanto do território português, como das colônias do além mar.

Se não deu certo naquela oportunidade, o tempo contribuiu para o amadurecimento da nação brasileira e, a despeito das diversas dificuldades de percurso, para a evolução do nosso  contingente eleitoral.

Hoje, as redes sociais, ainda que prejudicadas aqui e ali pelos “fake-news”, se incumbiram de informar melhor e em tempo real toda a população. As mentiras continuam como no tempo dos coronéis, a demagogia, sob as suas mais diversas formas ainda persistem nos profissionais da política, mas o eleitorado mudou muito e já possui um maior grau de discernimento como instrumento de escolha dos seus representantes nos diversos níveis dos poderes Legislativos e Executivos.

Hoje, em nosso país, há uma consciência geral e unânime na população de repúdio à corrupção e ao autoritarismo. Há uma vontade férrea e unânime por um Brasil diferente e por uma renovação nos quadros políticos. Basta observarmos a quantidade de políticos envolvidos, de uma maneira ou outra em corrupção, que não conseguiram a reeleição. Alguns, para conseguirem a manutenção do imoral foro privilegiado, mudaram suas candidaturas de Senadores para Deputados, em que a necessidade de voto é menor. Alguns, iludidos com a possibilidade de chegarem ao poder ou de manter o poder que já possuíam, desafiaram o veredicto popular e “deram com os burros n’água”, como no caso da Dilma e do Pimentel.

Mas o grande erro da esquerda brasileira está sendo justamente menosprezar a consciência coletiva que, mais bem informada, não quer a volta ao poder da corrupção e do autoritarismo truculento, das ameaças de invasões de terras e de imóveis; não aceita mais o quadro de violência urbana que aterroriza a população; ou uma crise econômica geradora de desemprego e desesperança para todos.

Afrontar a força de uma população tangida pelo descontentamento de mais de uma década é uma tarefa impossível. Já se foi o tempo em que se ganhava política com currais eleitorais ou com mentiras eleitoreiras. Sim, porque “fake-news” sempre existiram, ainda que não circulassem em redes sociais internéticas, mas circulavam de boca em boca, em panfletos anônimos ou nas palavras de palanque. É um vício tão antigo quanto o próprio homem que o inventou, mas que teve também a sabedoria de inventar as redes sociais, um veículo de informações instantâneas que mesmo com os riscos das notícias falsas, desarma com mais facilidade os demagogos de plantão que tentam galgar o poder. As redes sociais são hoje a voz do povo e os romanos já diziam: “Vox Populi Vox Dei”.

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