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Ensino universitário e competência

Adellunar Marge

O ensino universitário é um instrumento antigo para a transmissão e, principalmente, para a construção do conhecimento. Surgiu e começou a se consolidar na Idade Média, a partir dos séculos XII e XIII na Europa. Principalmente na França, Itália e na Inglaterra. Em todos esses séculos as Universidades evoluíram nesses países, e se transformaram na base do desenvolvimento dessas nações. O que sempre caracterizou esses centros de saber foram, essencialmente, a seriedade e a obrigação de formarem a inteligência em seus países.

Da Europa, esse modelo foi cooptado por outros países, como os EUA, que aprimoraram ainda mais o seu modelo, modernizando a sua gestão através de Fundações e entidades particulares, libertando-as da estatização. Foi uma pena que em nosso país, arraigado ao “gigantismo de Estado”, fez-se das instituições de ensino superior públicas, um modelo de burocracia e escoamento de gigantescas verbas, sem a contrapartida correspondente, que seria um ensino de qualidade inquestionável.

Há poucos dias assisti em uma entrevista, um comentário estranho do Presidente da Academia Brasileira de Ciências, dizendo que o Governo cortou verbas das Universidades comprometendo o desenvolvimento científico no país. Com a crise, deve ter cortado sim muitos recursos e não só da educação, mas de muitas outras áreas. Mas a verdade é que o problema não está e nunca esteve na falta de recursos financeiros em nossas Universidades, o que sempre faltou e falta é administração. Enquanto as grandes Universidades na Europa, nos EUA e em outras partes do mundo primam pela administração dos recursos que têm e pela construção do conhecimento científico, em nosso país se pede verbas e mais verbas, como se o dinheiro e não a competência administrativa fosse a mágica solução.

O que pouca gente sabe é que as universidades de São Paulo (USP, UNESP e UNICAMP), por exemplo, consomem um orçamento muito maior do que a Universidade de Berkeley. A Universidade de Berkeley já teve cerca de 40 prêmios Nobel, a de Harvard, mais de 60, a de Princeton, nem se fala e as Universidades de São Paulo…nenhum. Se não querem aceitar isso como medida de avaliação, tudo bem, existe um relatório anual de classificação das Universidades no mundo todo, baseado na qualidade do seu ensino e pesquisa. Harvard, Princeton, John Hopkins,(nos EUA), Oxford, Cambridge (Ingl.) estão lá no topo da classificação. A maior parte delas, principalmente as norte-americanas, não são públicas. São mantidas por Fundações de grandes empresas particulares e administradas por Conselhos e não pelo poder público. A nossa USP, no ano passado ficou no 121º lugar nessa classificação, a Unicamp ficou no 182º lugar, a UFRJ, em 311º lugar, a UNESP em 491º lugar, a UFRGS em 501º lugar. É só examinar o Ranking das Universidades nas paginas da Internet. Se o dinheiro fosse o problema, e não a administração, a Venezuela, com a sua fantástica produção de petróleo não estaria na bananosa em que está.

A nossa educação, mesmo a dos primeiros anos, vem ficando na rabada das classificações feitas por órgãos da ONU, há muitos anos. O germe desse desastre na educação pode até ter diversas origens, mas sem dúvida a principal delas foi a esquerdização das nossas “Universitas”. Há uma preocupação com a formação de uma “Inteligentzia” calcada nos pressupostos retrógrados de Marx, Gramsci e outros sauros, que inviabilizam mesmo qualquer avanço em direção ao futuro. Esse pessoal, sem duvida alguma, não deve ter problemas alérgicos, pois mexer com aqueles compêndios velhos cheirando a mofo e à naftalina não deve ser fácil. E olha que já tivemos muita gente conceituada no conhecimento que fizeram sucesso em grandes Universidades dos EUA e Europa, mas é claro que a formação desses docentes foi completada nessas grandes Universidades do exterior e lá, eles andavam sempre dentro das normas daquelas entidades superiores. Aqui… defendem o retrocesso do megaestado.

 

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