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Entre a cruz e a espada

“Meu Deus do céu! Essa é nossa alternativa de poder.” (Luis Roberto Barroso – Ministro do STF)

Estamos numa encruzilhada. O Brasil vive a maior crise política desde o início de sua redemocratização. Arquitetado por Lula e sua trupe, o maior projeto de permanência de poder da História republicana mergulhou o país num mar de lamas, e hoje, infelizmente, não se vislumbra nenhuma saída honrosa para o caos que foi ardilosamente instalado.

O processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff anda a todo vapor. Talvez ele seja votado pelo Plenário até no próximo domingo. Se passar pela Câmara dos Deputados, vai para o Senado para seguir o seu rito, dando continuidade. Se não for aprovado o impeachment, nessa primeira votação do Plenário da Câmara, existem outros sete pedidos engavetados pelo presidente Eduardo Cunha à espera do resultado da votação. Portanto, a discussão sobre o “bota-fora” da presidenta continuará de uma forma ou de outra.

O cenário político e econômico do país não é nada animador. Muito pelo contrário. Suponhamos que a presidenta, mesmo com todas as acusações que lhe pesam sobre os  ombros, como as chamadas pedaladas fiscais, o estelionato eleitoral, os crimes de responsabilidade e outras mais, saia ilesa para continuar o seu governo por mais dois anos e meio, qual será a sua credibilidade para governar o país pelo tempo que lhe resta? Teria ela condições de governabilidade daqui para frente?  Se com cinco anos e meio de governo ela só conseguiu afundar o país na recessão, agora sem o PMDB para apoiá-la, qual seria a mágica ou o norte salvador da pátria? A incompetência do seu governo fez com que crescesse a taxa de desemprego, que já anda na casa dos dois dígitos; permitiu, ainda, a volta da inflação que corrói os salários, jogando no lixo todas as tais conquistas sociais do povo, benefícios amplamente alardeados nas campanhas eleitorais pelos petistas e seguidores; permitiu a escalada dos assaltos à Petrobras, estatal da qual ela foi a presidente do Conselho Administrativo. Repito a pergunta: encontrará a presidenta, nos dois anos e meio que lhe restam de mandato, ambiente e terreno fértil para tirar o país do fundo do poço, logo ela que foi uma das principais protagonistas deste verdadeiro filme de terror?

De outro lado, temos o vice Michel Temer, que com o seu apoio, queira ou não os seus defensores, foi, sim, um importante coadjuvante do governo na derrocada econômica do país. Ele só pulou fora do barco no último instante e porque vislumbrou alguns salva-vidas que lhe deram a mão. Já nesta semana, ele deixou escapar um áudio inoportuno, amplamente divulgado pela imprensa, o que demonstra o seu despreparo e a sua imoderação para lidar com a alta complexidade dos problemas que o país enfrenta neste momento, caso ele tenha mesmo que assumir a Presidência da República.

E neste caso, as dúvidas serão as mesmas. Na eventualidade de assumir a Presidência da República, terá o “novo comandante”, ao exercer um mandato “tampão”, credibilidade para enfrentar os temporais que se anunciam? A volta da estabilidade e da confiança para navegar em águas tão turvas e revoltas não será uma missão tão fácil. Recolocar o país nos trilhos exigirá do novo presidente muita habilidade política para aglutinar forças. Se utilizar-se do fisiologismo barato para ganhar força, estará cometendo as mesmas práticas condenáveis de seus antecessores. E com certeza, para piorar o cenário, o novo presidente terá a oposição ferrenha de Lula, dos sindicalistas, de movimentos sociais como o MST, que já prometeram que, caso a presidenta Dilma seja defenestrada, “farão da sua vida um inferno”.  É o ódio que falará mais alto, e certamente se utilizarão do lema de “quanto pior melhor”.

Na verdade, observando o cenário político que se vislumbra aos olhos de qualquer brasileiro, sem a presença de uma liderança com o mínimo de credibilidade, justifica-se a exclamação quase desesperada do ministro do STF, Luis Roberto Barroso.

Claro que tudo isso se trata de hipóteses, até porque, o processo de impeachment da presidenta está só começando, e uma longa batalha será travada pelo poder. Embora estejamos neste momento entre a cruz e a espada, a lição que fica, é que ninguém é tão soberano o bastante para continuar no poder se o povo não quiser. Basta que se faça a mobilização correta.  O povo põe, e se quiser, o povo pode tirar.

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