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Falando de banalidades

Confesso aos meus poucos, mas estimadíssimos leitores, que ando meio cansado de falar de política, não só pelo que ela tem representado para a sociedade brasileira, mas também pela falta de perspectiva de mudança de rumo, e assim, gostaria de escrever sobre uma banalidade qualquer, absolutamente desinteressante, e que não sendo séria, pudesse promover um processo de desintoxicação desta coluna, da cabeça do colunista e também do leitor.

Um dia desses, com o controle da televisão na mão, buscando alguma coisa de interessante naqueles intermináveis canais de TV por assinatura, estacionei no canal “Viva”, que retransmitia a “Escolinha do Professor Raimundo”, da TV Globo, estrelado pelo Chico Anísio, seguramente, um dos três melhores comediantes do Brasil. Falo daqueles que vi atuando, logicamente. Entre umas gargalhadas e outras, comecei a pensar em quantos daqueles grandes comediantes, além do Chico Anísio, já morreram. Revivi momentos de extraordinária competência humorística de Walter D´Ávila, Rogério Corrêa, Jorge Loredo, Brandão Filho, Grande Otelo, Costinha e muitos outros que eram conhecidos mais pelos personagens que faziam do que propriamente pelos seus nomes artísticos.

Concluí então, que a morte daria uma crônica banal, não a morte daqueles excepcionais artistas, mas, simplesmente a morte, da forma como ela é vista.

Sem a necessária inspiração para escrever sobre a “bendita” (bendita?), resolvi recorrer-me ao dicionário para ver o que teria o “pai dos burros” para me responder com um pouco mais de precisão. Claro, diversas definições lá estavam, mas uma me chamou a atenção; menos pela abrangência ou conteúdo e mais pela frieza da definição. Lá estava escrito: “Morte – cessação completa e definitiva das atividades características da matéria viva”.

Se analisarmos “friamente” essa definição, chegaríamos à conclusão de que a morte é uma ocorrência absolutamente natural, na medida em que se trata da cessação das atividades que caracterizam a matéria viva, sustentadas por uma energia qualquer. Uma vez cortada essa energia, extingue-se a vida. É o caso de uma planta, por exemplo, que deixa de receber água e morre.

Porém, quando se trata da morte de um ser humano, a coisa muda de figura. É que, embora, cientificamente, seja uma ocorrência natural, dentro do processo nascer, crescer e morrer, no nosso consciente (ou subconsciente), passa a ser um fato sobrenatural, para o qual jamais estaremos preparados.

Quando se fala em morte, a primeira sensação que se tem, e que vem no pensamento, é aquele quadro macabro, ou seja, um indivíduo que jamais poderá ser eu ou um parente meu, esticado dentro daquele “pijama” de madeira que se convencionou de chamar de caixão ou urna, com as mãos cruzadas sobre o peito, imóvel, todo florido, completamente inerte.

O mais incrível é que imaginar essa cena pode causar arrepios, ou mesmo, dependendo da hora e do estado psicológico, causar até medo. As pessoas não aceitam a morte como um fato natural, da forma tão simples como ela está descrita lá no dicionário. Existe por detrás dela um enigma a ser descoberto, mas que só se sabe se fizer o “teste de São Tomé”, ou seja, ver para crer, e este teste ninguém, por óbvio, se propõe a fazer.

Concluindo, e, sem chegar à conclusão alguma, não sei se atingi o objetivo de escrever sobre uma banalidade qualquer, mas entre confiar na morte e acreditar na vida, prefiro ficar com a última opção, até porque aquelas pessoas que se foram, jamais voltaram para dizer se onde estão é bom ou ruim.

Pelo sim, pelo não, na dúvida, e com a devida vênia do Criador, prefiro continuar aqui, ou seja, bem vivo.

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