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O país das incertezas

Na quarta-feira, quando pensei em escrever essa crônica, tinha na minha mente uma esperança de que o país começava a sair do fundo do poço. Afinal, as perspectivas dos últimos meses, anunciadas pela equipe econômica do governo Temer e comandada por Henrique Meireles, era de que o país começava a dar sinais positivos de recuperação. A inflação e os juros em baixa; os números do mês de abril sobre o emprego já contabilizavam um pequeno crescimento; e o anúncio do aumento de 24% na produção da safra de grãos também é outro indicador positivo.

Embora a recuperação econômica do país seja lenta, em função da desidratação da política, a retomada do crescimento anda dependendo muito de uma maior confiabilidade por parte dos investidores, que vêm aguardando um reequilíbrio das contas públicas.

Mas, eis que os tais malfeitos da política brasileira não dão folga e o país volta ao campo das incertezas, depois do bombástico anúncio do envolvimento do presidente Temer em suposta obstrução às ações da Justiça, ao incentivar o pagamento de propina para calar o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba. Nem mesmo a chamada “delação do fim do mundo”, feita pelo ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e que foi anunciada de forma rumorosa pela imprensa, foi tão danosa para a economia como poderá ser a revelação de mais esse fato, que atinge em cheio a Presidência da República. Claro que, se o presidente tem culpa no cartório, que assuma as suas responsabilidades e pague pelos seus atos.

Caso Michel Temer perca o seu mandato, seja por renúncia, por impeachment ou por cassação da sua chapa, formada com a ex-presidente Dilma, cujo processo já está pautado para julgamento no próximo mês, haverá eleição indireta a ser realizada pelo Congresso Nacional – artigo 81 parágrafo 1º da Constituição -, sendo que o eleito deverá exercer um mandato tampão até 2018, quando haverá eleições gerais. Vale, por oportuno, lembrar que, dos cinco últimos ex-presidentes (Sarney, Collor, FHC, Lula e Dilma), todos estão sob investigação. Além disso, o tucano Aécio Neves, que foi o principal adversário da Dilma, já está “frito” pela Operação Lava-Jato.

A questão crucial é que, com um Congresso tão desmoralizado perante a opinião pública, estando grande parte dos seus integrantes também sob investigação na “Lava-Jato”, a quem caberia comandar a nau brasileira? Numa crônica anterior, fiz a mesma pergunta, até porque, não encontrei uma resposta convincente. Aliás, obtive uma resposta sim. Um amigo, politizado, inteligente e perspicaz, me respondeu mineiramente pelo WhatsApp: “Uai, coloca o Mário, sô!”. Como o povo brasileiro já está tão acostumado com todo tipo de sacanagem – perdoem-me a palavra chula -, por favor, não me perguntem quem é o Mário. Fui!

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