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O vaticínio

Francisco Laviola – 15/12/2017

“Se é vontade do povo brasileiro, eu promoverei a Abertura Política do Brasil. Mas chegará um tempo que o povo sentirá saudades do Regime Militar. Pois muitos desses que lideram o fim do Regime, não estão visando o bem do povo, mas seus próprios interesses”

(General Ernesto Geisel – ex-presidente da República)

Antes que o leitor mais desavisado faça um juízo precipitado sobre a citação acima, já vou logo fazendo uma antecipada autodefesa e informando aos meus aos queridos leitores, que sou um democrata convicto, e, portanto, vou sempre estimular e fazer o que estiver ao meu alcance pela democracia do nosso país. Apologia ao Regime Militar, nem pensar, por favor.

Porém, considerando a atual conjuntura política do país, não há dúvidas de que as palavras atribuídas ao ex-presidente Geisel merecem uma reflexão, principalmente no que se refere à última parte. Naqueles tempos de ditadura, já estavam em andamento os Movimentos pela Abertura Política, pela Anistia, na época exigida de forma ampla, geral e irrestrita, e principalmente, pelo famoso Movimento das “Diretas Já”, que foram liderados por grandes políticos como Ulisses Guimarães, Tancredo Neves, Franco Montoro, Pedro Simon e outros democratas. Havia também a esquerda bastante radical, representada pelas Centrais Sindicais, que fomentavam greves e que tinham como seu maior ícone o então presidente do Sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, Luis Inácio da Silva.

Assim surgiu o Lula, com os seus discursos inflamados, e na época, já imbatível com um microfone nas mãos e sob as luzes dos holofotes, acabou se transformando no grande líder da classe trabalhadora. Ao fundar o Partido dos Trabalhadores, o PT, ele disseminou a esperança junto às classes mais pobres na luta contra parte da população, denominada de elite brasileira.

Os grandes homens que lutaram pela redemocratização do país, muitos deles já falecidos, não tiveram o tempo de vida suficiente para mostrar as suas identidades políticas e os seus perfis de homens públicos honrados, para contrapor o vaticínio de Ernesto Geisel. Com a morte de Tancredo, escolhido numa eleição indireta, assumiu a Presidência o vice, José Sarney, cujo governo deixou cicatrizes na economia brasileira, com a marca da maior taxa de inflação de toda a História republicana.

A campanha seguinte teve como personagem Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás. Eleito, e assim que empossado, deu um golpe na economia através de um confisco das poupanças e das contas bancárias dos brasileiros.  Pouco tempo depois, envolvido em corrupção, foi sumariamente defenestrado após um processo rápido de Impeachment, por força do movimento dos “caras pintadas”, os quais foram às ruas exigir a sua saída do governo. Os governos seguintes de Itamar Franco e de Fernando Henrique foram de reorganização da economia do país. Criado o Plano real, o país ficou preparado para crescer. A honestidade do mineiro Itamar e o governo de oito anos de FHC, um sociólogo no poder e único governante que pode ser considerado um verdadeiro estadista, foram, sem dúvida, uma forma de contrapor àquela profecia de Ernesto Geisel.

Agora, quanto aos governos de Lula e Dilma, não preciso dizer nada. Todos nós somos testemunhas oculares desta amarga História de um Brasil que foi publicamente execrado. A chamada herança maldita destes dois governos é uma marca indelével. O povo foi covardemente enganado, os seus símbolos vilipendiados e suas principais estatais assaltadas por uma organização criminosa que partiu de São Bernardo do Campo rumo a Brasília, e que hoje, após descoberta pela Polícia Federal, atende pelo sinistro codinome de “lulopetismo”.  Temer, chamado de golpista, estendeu o balcão das negociatas do Planalto e continua lá, Deus sabe como. É claro que temos que preservar a nossa democracia. Ditadura militar, nunca mais. Mas talvez tenhamos que refletir um pouco mais sobre o vaticínio de Ernesto Geisel.

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