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Os 100 dias de governo de Bolsonaro

A eleição de Jair “Messias” Bolsonaro para a Presidência da República em 2018  teve algumas características anormais e como tal, ainda não dá para fazer o tradicional balanço dos tais primeiros 100 dias de governo, que já está chegando. Levado ao Palácio do Planalto por 55% dos votos dos eleitores brasileiros, o que corresponde a mais de 57 milhões de pessoas, não há o que se falar de ilegitimidade. Uma maioria, com grande folga, deu a Jair Bolsonaro essa oportunidade de presidir o país pelos próximos quatro anos.

Chamado por seus eleitores de “mito”, ele aproveitou bem o vácuo político cuja abertura pode ser relacionada da seguinte forma: primeiro, a questão do antipetismo; depois de governar por 14 anos até o impeachment da Dilma, o PT que se vendia como o arauto da moralidade, acabou na vala comum da corrupção, depois de dois escândalos nos quais o seu maior cacique, hoje preso, se destacava pela pobreza de retórica embasada apenas na frase “eu não sabia de nada”; segundo, pelo esgotamento da velha política do toma lá dá cá, desmoralizando o governo de coalizão em nome da governabilidade, que, se utilizado de forma correta, é próprio do sistema democrático; terceiro, a vontade de mudança e a busca do eleitor no sentido de derrubar de vez o establichment que tanto mal fez à saúde do país; quarto, a crise e os erros na direção da política econômica do governo Dilma, que mergulhou o país em uma das maiores crises, com uma recessão histórica, cujos reflexos bateram forte nos trabalhadores, deixando sem emprego mais de treze milhões de brasileiros; quinto, a explosão da criminalidade batendo à porta da sociedade, deixando-a em completo desespero, tendo o candidato Bolsonaro comprado a briga, dizendo que não daria trégua para a bandidagem; e, em sexto, o uso do WhatsApp como uma forma de comunicação barata e direta com o eleitor. Além de todo esse histórico, o atentado sofrido pelo então candidato, no dia 6 de outubro, em Juiz de Fora, o tirou dos debates na TV e o colocou no colo do povo.

Por tudo isso, Bolsonaro, um candidato de extrema direita ocupa hoje o mais alto posto do poder na República Federativa do Brasil. E foi considerando estas questões  que votei nele. Mas é preciso que alguém do seu staff político, diga a ele que não dá mais para criar polêmicas com questiúnculas, seja com a imprensa ou com o Congresso; que é preciso que o Brasil deixe de ser um barco à deriva e tenha um verdadeiro comandante, sem precisar necessariamente ser um “Messias” ou um salvador da pátria; é preciso também lembrar ao presidente que o “Posto Ipiranga” pode acabar o combustível e não ser mais a solução para todos os problemas nacionais, se ele continuar a bater de frente com o Congresso, porque é a partir desse diálogo que poderão estabelecer as reformas estruturantes que o país necessita. E, finalmente, que embora tenhamos a consciência de que “Deus está acima de todos”, é preciso trabalhar com a seriedade e, principalmente, ter a serenidade que a liturgia do cargo exige para ser um estadista. Tudo isso para o bem de todos.

A continuar nesse “batido da lata”, Bolsonaro terá muito pouco de positivo para acrescentar à sua biografia, no que se refere aos seus primeiros 100 dias de governo.

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