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Os ditos populares e a história que precisamos contar

Há um ditado popular que diz que “há males que vêm para o bem”. Confesso que não compactuo muito com esse pensamento, pois, se pensássemos dessa forma, estaríamos atribuindo um valor considerável às mazelas que ocorrem no nosso dia a dia. Embora o pessimismo seja um sentimento próprio de algumas pessoas que se acomodam com a falta de perspectivas, penso que sempre que houver uma oportunidade de buscar a desarticulação do mal, aproveitando essa oportunidade, estaremos contribuindo para o bem da coletividade e fazendo com que a sociedade encontre um caminho mais justo, mais humano e mais igualitário.

É de domínio público que o país passa por um período conturbado na maioria das suas instituições, principalmente no que se refere à administração pública. A discussão diária é feita por todas as classes, seja nos escritórios, nas ruas ou nos botequins das esquinas. Há um sentimento de insegurança da população quanto ao futuro, o que faz com que ela, permanentemente, esteja em estado de alerta, como se fosse um exercício de autodefesa. Como comecei a crônica citando um dito popular, vou emendar mais um: dizem que “a voz do povo é a voz de Deus”. Certamente, não por acaso, a população tem as suas razões.

Na economia, só se fala em alta de inflação, de juros, do dólar e de aumento de impostos. Fala-se muito, também, do “nervosismo” do mercado internacional, como se ele fosse um personagem provido de vida própria, e a quem se atribui toda a culpa de estimular a crise econômica que, ao longo dos anos, vem se desenhando no cenário do país. Como todos esses ingredientes mexem diretamente no bolso das pessoas, o grau de desconfiança é generalizado, fazendo com que haja uma desestabilização da população, o que reflete, diretamente, na falta de investimentos, e, por via de consequência, na redução da produção.

Na política, instalou-se uma crise moral permanente, criada por um grupo de políticos aventureiros, desonestos e corruptos, personagens deste triste caminho sob o qual trilha o país, os quais não têm o menor compromisso para com a coisa pública ou para com o futuro das novas gerações. Além de todo esse quadro de incertezas, e para recrudescer ainda mais a desconfiança da população, não tem surgido também nenhuma liderança que possa ser considerada confiável e que possa dar indícios de uma reversão desta tendência nefasta dentro de um prazo que seja considerado razoável.

A Justiça até que tem feito o seu papel, mas ela depende de leis próprias para dar celeridade aos milhares de processos engavetados nos tribunais, munição que os legisladores, já acostumados a legislar em causa própria, não interessam dar, para não serem condenados.

Mas por outro lado, dizem, também, que “depois da tempestade vem a bonança”. Pode ser que seja assim. E para que isso ocorra, é preciso confiar no futuro. É necessário que haja uma maior participação da sociedade e que ela seja um elemento ativo de transformação do país, começando pela base da pirâmide. No próximo ano teremos eleições municipais para o Executivo e o Legislativo, que são os poderes mais próximos da população. Se tudo aquilo que pode ser considerado podre nas administrações públicas de todo o país está no vértice da pirâmide, é preciso que a sua base seja refeita, revitalizada, transformada e reconstruída com alicerces mais fortes, para dar consistência a um novo vértice que possa apontar para um futuro mais promissor, a começar pelos municípios de todo o país.

Se agirmos dessa forma, deixando de lado as incertezas e confiando no futuro, os ditos populares também terão a sua vez na história.

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