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OS FUNDAMENTOS DA DEMOCRACIA

Adellunar Marge

Um dos temas mais recorrentes na atualidade tem sido a Democracia. Por sua própria etimologia significa um modelo de governo em que o poder emana do próprio povo que constitui a nação. A Democracia tem a sua origem na Grécia antiga e deve a sua criação não apenas à disposição do próprio povo, mas às idéias de Clístenes, por volta do ano 508 a.C., que privilegiou os direitos dos cidadãos na organização e no governo da cidade de Atenas, em oposição aos interesses de uma oligarquia desejosa apenas da concentração de poder. Menos de um século depois, entre 440 e 430 a.C., Atenas atingiria o seu clímax como civilização sob o governo de Péricles.

Apesar de todo o crédito que se dá à Grécia pela criação da Democracia, esse sistema de governo nas cidades gregas ainda estaria muito longe dos ideais democráticos que ansiamos nos dias atuais. Se no auge da civilização grega a cidade-Estado de Atenas possuía uma população em torno de 300.000 habitantes, pouco mais de 10% eram os chamados cidadãos, denominados “eupátridas” que tinham o direito de opinar na ágora (praça pública) sobre os destinos da nação. O restante da população era composto, além de crianças, pelas mulheres, pelos metecos (estrangeiros que viviam em Atenas) e pelo grande número de escravos. A esses contingentes humanos, que eram a grande maioria, não se dava o direito de opinar sobre os destinos do país.

A nossa Democracia, com todas as suas limitações, é muito mais abrangente do que aquela Democracia idealizada há tantos séculos pelo povo grego, embora jamais possamos negar o gênio criador daquele povo mediterrâneo em concebê-la.

Hoje, como naquela época, encontramos os fariseus da política, que ferindo os ideais da Democracia, utilizam-se dos artifícios da “Demagogia”, para iludir e “conduzir” a massa popular para a satisfação de interesses próprios, geralmente nocivos ao interesse comum.

Luís Inácio, o torneiro mecânico que um dia representou a classe trabalhadora e se tornou um líder popular, deixou que o poder lhe subisse à cabeça. Despiu-se da simplicidade que o tornou um ícone na política nacional e vestiu a roupagem da soberba colocando-se acima do bem e do mal. Não resistiu às tentações dos atos ilícitos e, corrompendo-se, destruiu-se a si próprio e a esperança de um povo que um dia acreditou nele. Ao negar exaustivamente sua participação e sua conivência com a ilicitude que se instalou no país, menosprezou a capacidade investigativa de uma Polícia Federal e de um Ministério Público operantes, de juízes isentos e competentes e, acima de tudo, do juízo severo de uma população decepcionada. Acreditou estar acima da lei e que jamais seria alcançado por ela. Uma pena não só para os seus seguidores, mas acima de tudo para o próprio país. Nenhum brasileiro sente-se bem ao ver um ex Presidente condenado e preso por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Como figura política expressiva no Brasil e no mundo, o retirante nordestino Luís Inácio, que se fez tão grande, decepcionou a todos. Agora Inês é morta.

Seu grupo, antes coeso e poderoso e ideologicamente organizado, desarvorou-se com a queda do seu líder maior. Instrumentalizado para uma repetição exaustiva de falsos conceitos, tenta desesperadamente a volta ao poder, mas não possui a astúcia do antigo líder que dominava a arte da negociação, a ponto de perceber, após duas tentativas, que sendo impossível a sua eleição para Presidente, chamou para seu vice um grande empresário que, apesar de não ser uma força política expressiva, afastava o fantasma que atemorizava o empresariado nacional. Agora, sem o Luís Inácio livre para articular, a esquerda ficou perdida lamentando-se em uma infinidade de “se”: “Se o Luís Inácio não tivesse se deixado levar pela tentação, se não tivesse se despido da sua simplicidade, se não tivesse dado motivo para a sua condenação e prisão e se, acima de tudo estivesse à frente da campanha como candidato e com um vice politicamente mais palatável para o empresariado, talvez perdêssemos, ainda assim, a eleição, pois não há força capaz de deter o anseio popular pela mudança, mas a derrota não teria um sabor tão amargo motivado por um dever de casa não executado

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