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Os males da ambição desmedida

Para que o homem progredisse sobre a face da terra, desenvolvendo-se em conhecimento, tornando-se um ser ímpar entre os demais animais, a natureza dotou-lhe, entre outros predicados, da ambição. Por querer sempre mais na sua trajetória de vida, o homem tem dominado gradativamente os elementos e transformado o mundo em que vive. Passou a ser, no dizer de Protágoras, “a medida de todas as coisas”. Não se contentou, como a abelha, em satisfazer-se com a mesma maneira de construir a sua colmeia há milhares de anos.

Da pedra lascada à pedra polida, do ferro às mais complexas ligas metálicas, o homem não colocou limites em suas conquistas e saiu das cavernas obscuras da antiguidade para as megalópoles modernas, transportando-se por terra, pelos mares e pelo ar. A ambição, a vontade de crescer e aprimorar-se o levaram a esse destino inexorável.

Para que o homem exercitasse essa ambição, a natureza deixou os limites do seu exercício a cargo do seu próprio juízo, do julgamento do próprio homem. Daí, foi um pulo para que muitos exercitassem a ambição desmedida, excedendo os limites da moral e da dignidade. Não culpem o capitalismo por isso, pois o capitalismo não é um modelo econômico, é um modo de ser do homem e, quando livremente exercitado, um mal para a sociedade.

Ambiciosos nocivos, conhecemos às centenas transitando entre nós. Seres com a mente fixada na ganância e, consequentemente, na irresponsabilidade social. Acumulam a riqueza ainda que em detrimento da miséria alheia e muitas vezes pautada na desonestidade de princípios. Essa ambição desmedida acaba se transformando em um distúrbio psíquico que leva o ambicioso a pensar 24 horas por dia em aumentar a sua riqueza. Ainda que dormindo, sonha com isso.

Quando esse comportamento vicioso se alia à política, dá no que assistimos hoje no Brasil: uma sucessão de escândalos e roubos milionários de recursos públicos. Não tem limites em sua sanha de acumular riquezas e não os tem porque justamente conjugam dois fatores mortais para a paz e a felicidade de uma comunidade: a imoralidade e a amoralidade.

É difícil para o nosso país sair com honra dessa crise moral em que se meteu, na medida em que uma presidente, que já deveria ter caído há muito tempo, tem a sua queda dependente de um político envolvido nas mais graves acusações de corrupção. Um Congresso em que ninguém sabe quem é quem ou, como já se disse, uma situação em que “uma vaca não conhece a própria cria”.

O mais grave é que esse caos moral não se restringe às esferas de Brasília, mas percorre as artérias político-administrativas e empresariais do país, com uma infinidade de corruptos e corruptores que se alastram pelos estados e pelos municípios. A imoralidade em processo de metástase.

Esses são alguns dos males da ambição desmedida, e ao povo caberia o único recurso de defesa, que seria o exercício da crítica na hora de voltar. De época em época temos essa oportunidade que a democracia nos oferece, e de época em época cometemos os mesmos equívocos de julgamento. No próximo ano teremos uma nova oportunidade. Que tal pautarmos as nossas escolhas pela dignidade moral dos candidatos?

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