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Rio 40 graus

“Rio quarenta graus/Cidade maravilhosa/Purgatório da beleza e do caos…” (Fernanda Abreu – cantora e compositora)

Francisco Laviola – 29/11/2017

A cidade é maravilhosa. Está no seu Hino e no seu visual. Tem o Cristo Redentor, uma das sete maravilhas do mundo recebendo os turistas de braços abertos. Tem um charme incomparável, quando vista de cima; tudo provado pelos seus cartões postais espalhados pelo mundo inteiro. O futebol e o carnaval são eventos que ultrapassam as nossas fronteiras e correm o mundo inteiro. E o estado, que além dos atrativos turísticos das belas praias da Região dos Lagos, é também, rico por natureza, por causa do petróleo que produz.

Então, por quê? Tudo que a natureza construiu a favor do Rio de Janeiro, está sendo devastado pelos homens. Homens, não. Ratos de colarinho branco, que fizeram de tudo para jogar o estado e a sua linda capital, uma das cidades mais atraentes do mundo, bem no fundo do poço. A cidade dos “encantos mil” está sob pressão e protagoniza as mais infelizes histórias de violência produzidas pelas suas inúmeras favelas sem lei, onde o poder do narcotráfico e bandidagem miliciana vem, literalmente, expulsando o Estado dos seus domínios. É uma aterrorizante inversão de comando. Ao invés do Estado, quem comanda são os bandidos de todas as classes sociais.

O estado do Rio de janeiro, apesar da sua riqueza com o petróleo, apesar da sua beleza que encanta os turistas, foi um dos primeiros da Federação a decretar estado de calamidade financeira. E só não está em situação pior, porque conseguiu recursos da União para pagar o funcionalismo. Por que essa situação? A resposta está nos presídios do estado. Os três últimos governadores eleitos desde 1998 estão presos, acusados de integrarem uma organização criminosa de corruptos ativos e passivos. Sérgio Cabral, ex-governador por dois mandatos, acusado de desviar mais de R$ 500 milhões do estado, já acumula condenações na Justiça Federal de mais de 70 anos de prisão. Trancafiados também estão Anthony Garotinho, famoso pelas suas “birras” na cadeia, e a sua esposa, Rosinha Garotinho, que esteve presa e foi solta esta semana, ambos, ex-governadores,  são acusados de liderarem um esquema de arrecadação de campanhas, além de outras espertezas mais. Nesta semana, foi preso o presidente do Partido da República (PR), Antônio Carlos Rodrigues, ex-ministro dos Transportes do governo Dilma e que é ligado ao “travesso” Garotinho.  A eles se juntam, ainda, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que também começou sua vida política e de extensa prática de corrupção no estado, o atual presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani e mais uma corja de assessores marginais.

Ora, sem querer fazer jogo de palavras ou trocadilhos, por mais caudaloso que seja um rio, por mais esperançoso que seja o começo de um ano através do janeiro, tudo que poderia ser bom e bonito, se torna paradoxalmente lamentável por causa do protagonismo de uma política porca e corrupta, há muito tempo agindo no estado. Em termos de corrupção, o estado do Rio de Janeiro tem batido recordes.

Como comecei mencionando a música cantada por Fernanda Abreu, vai aí mais uma pedacinho dela: “O Rio é uma cidade/ De cidades misturadas. O Rio é uma cidade/ De cidades camufladas, com governos misturados, paralelos, sorrateiros/Ocultando comandos…” É, Rio 40 graus, se o seu povo não acordar, certamente, a dança continuará.

 

 

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