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Rouen, no destino de Joana D’Arc

A cidade de Rouen, capital da Normandia, na França, impressiona pela riqueza de suas construções medievais e pela carga histórica que carrega.

O que me despertou a vontade de conhecer Rouen foi ter conhecido Blois, outra histórica cidade francesa, envolta também em lendas e mistérios. Ali, em Blois, Joana D’Arc nasceu e organizou suas tropas para atacar Orleans e iniciar a sua série de vitórias à frente dos franceses, pela libertação do país. Quando Joana foi capturada por aliados dos ingleses, foi entregue ao Tribunal Eclesiástico de Rouen, que a condenou à fogueira. Por isso a vontade que tive de conhecer Rouen, que marca o epílogo da história da jovem guerreira que foi queimada viva na praça principal da cidade, que hoje é a capital da Normandia.

Rouen ou Ruão, como dizem os portugueses, foi fundada pelos romanos no séc. I d.C.

No séc. IX, foi invadida pelos Vikings, chamados posteriormente de Normandos, verbete derivado do latim medieval “Nortmannus” e a partir do franco “Nortmann” ou “homens do norte”. O Rei Carlos III, vendo que era impossível manter a soberania naquela região do baixo Sena, cedeu aos Vikings ou Normandos e a região passou a se chamar Normandia. A Normandia só voltaria ao domínio francês em 1204, reconquistada por Felipe II.

Rouen, hoje com cerca de 600 mil habitantes, é uma cidade de grande importância, tanto no aspecto econômico como no aspecto estratégico. Foi na Normandia que se deu o desembarque das tropas aliadas para expulsar os alemães do território francês durante a Segunda Guerra Mundial. Na Batalha da Normandia morreram cerca de 100 mil pessoas, entre soldados e civis.

O importante da cidade, em seu aspecto turístico, é o seu centro histórico com suas construções medievais, o famoso “Relógio Dourado”, o Palácio da Justiça, a famosa Catedral que, semidestruída nos bombardeios da Segunda Guerra, foi toda restaurada, mas guarda ainda em sua ampla fachada de granito as marcas de balas da guerra contra os alemães. No centro histórico está também a “Praça do Velho Mercado”, ao lado da moderna Igreja de Santa Joana D’Arc. Exatamente no lugar onde se ergue a igreja localizou-se a fogueira que queimou viva a jovem Joana D’Arc, às 9 horas da manhã do dia 30 de maio de 1431, que contava na época 19 anos de idade.

Joana D’Arc foi condenada pelo Tribunal Eclesiástico por assassinato, heresia e bruxaria. Vinte e cinco anos depois, em 1456, o Papa Calixto III reconheceu o erro da Igreja e inocentou a heroína, anulando o processo por vícios no conteúdo e na forma. Um gesto de “mea culpa” que, infelizmente, não devolveu a vida à jovem francesinha de Blois.

Em 1909, Joana foi beatificada pela Igreja e, em 1920, foi canonizada pelo Papa Bento XV e nomeada Padroeira da França. A condenação de Joana D’Arc à fogueira representou a intolerância, a arbitrariedade e ou autoritarismo da Igreja naqueles idos do séc. XV, em que uma população cega pela ignorância, afluía às ruas extasiada para assistir a execuções públicas em fogueiras.

As cinzas da jovem mártir foram jogadas no Rio Sena, que corta a cidade de Rouen a caminho do Mar do Norte.

A Praça do Velho Mercado, palco da execução, conserva ainda hoje várias pedras remanescentes do início da colonização romana e testemunhas daqueles tempos de intolerância. Sentados naquelas pedras milenares, os turistas contemplam quase 2 mil anos de história com todos os erros e equívocos próprios do ser humano. Vale a pena visitar Rouen…

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